OMS diz que coronavírus pode ser contido em muitos países africanos
Nesses países, ainda não foram registrados transmissões internas, o que facilita a contenção da disseminação
Internacional|Da EFE
A pandemia do novo coronavírus está gradualmente atingindo a África, onde já tem confirmado mais de 2,8 mil casos e vem acelerando diariamente. Mas de acordo com declaração feita nesta quinta-feira (26) pela OMS (Organização Mundial da Saúde), a doença ainda pode ser contida, pois não há transmissão local em muitos países.
"Ainda podemos conter o vírus em muitos países", disse a diretora regional da OMS para a África, Matshidiso Moeti, dando uma nota positiva a uma "evolução muito dramática" da pandemia no continente.
Há um mês, havia apenas um país infectado na região africana da OMS (que abrange todos os países subsaarianos e Argélia) e atualmente são relatados diariamente 300 casos, explicou Moeti em uma entrevista coletiva virtual com vários especialistas africanos.
Um total de 46 países da África já foram afetados pela covid-19 e há mais de 2,8 mil casos positivos da doença, deixando pelo menos 75 mortos, de acordo com os dados mais recentes coletados pela Agência Efe a partir de relatórios individuais de cada governo africano.
No entanto, em muitos países, os casos registrados continuam a ser importados e o contágio local não foi relatado, por isso a médica acredita que "ainda existe a oportunidade" de conter a epidemia em países que poderiam ser muito atingidas de forma humana e economicamente.
Quando a maioria dos casos vem de países europeus ou ocidentais, há maneiras de isolá-los com segurança antes de chegarem a áreas como assentamentos informais ou campos de refugiados, onde esse trabalho será muito complicado.
Por esse motivo, a OMS enfatizou a necessidade de acompanhar contatos de casos positivos, isolar suspeitos e tratá-los, se necessário, a fim de romper a cadeia de expansão do vírus.
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A maioria dos países africanos, mesmo sem atingir 100 casos positivos da doença, fechou as fronteiras aéreas, marítimas e terrestres e limitou o movimento de seus cidadãos com medidas duras, como toque de recolher obrigatório e confinamento.
Estas medidas são necessárias, de acordo com a OMS, mas não devem impedir a criação de "corredores humanitários" para permitir que os suprimentos médicos cheguem aos países, incluindo pessoal médico e especialistas que possam ajudar na contenção da doença.
Matshidiso Moeti e outros especialistas africanos da OMS e do Centro Africano de Detecção de Doenças (CDC) concordam que as medidas de confinamento, as mais eficazes para interromper a transmissão do vírus, "não são tão simples" na África.
"Confinar uma população que vive dia-a-dia não é fácil", disse o enviado especial da OMS para covid-19, Samb Sow, indicando que, em todo caso, qualquer medida desse tipo deve ser acompanhada por uma forte campanha de comunicação e medidas humanitárias para amortecer os impactos econômicos.
"Quando dezenas de pessoas vivem na mesma casa ou local, não é lógico", explicou Sow.
Portanto, os especialistas pediram uma rápida reflexão sobre a aplicação de medidas que já estão sendo impostas no resto do mundo em um contexto como o da África, onde existem países com conflitos armados, populações sem acesso à água ou hospitais e em áreas com um grande número de pessoas deslocadas ou refugiadas.