ONU alerta Israel sobre anexação de territórios na Cisjordânia
Ocupação seria devastadora para as perspectivas de paz na região. Movimento é promessa eleitoral para caso Netanyuahu consiga se reeleger
Internacional|Da EFE
A ONU alertou nesta terça-feira (10) que a anexação unilateral por parte de Israel do Vale do Jordão, na Cisjordânia ocupada, seria devastadora para as perspectivas de paz na região.
Em um movimento para tentar angariar votos para as eleições legislativas que serão realizadas na próxima semana, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometeu anexar a região sair vitorioso das urnas. Em abril, antes do primeiro pleito realizado no país neste ano, ele já havia feito uma promessa similar.
"Essa ideia seria devastadora para a possibilidade de reviver as negociações, para a paz regional e para a própria essência da solução de dois Estados", afirmou o porta-voz da Secretaria-Geral da ONU, Stéphane Dujarric, em entrevista coletiva.
Dujarric disse que para o secretário-geral da ONU, António Guterres, as ações unilaterais não ajudam o processo de paz. Além disso, o porta-voz afirmou que uma anexação desse tipo não seria reconhecida pela legislação internacional.
"Qualquer decisão israelense de impor suas leis, jurisdição ou administração na Cisjordânia ocupada ficaria sem efeito jurídico internacional", destacou Dujarric.
Em entrevista coletiva, Netanyahu afirmou hoje que o plano de paz que os Estados Unidos planejam apresentar após as eleições em Israel representa uma "oportunidade histórica" para o país. Por isso, o premiê pediu apoio popular para aplicar a soberania israelense sobre os territórios palestinos, com a máxima cooperação do governo americano.
"Por respeito ao presidente (Donald) Trump e por grande fé em nossa amizade, esperarei com a aplicação da soberania até a apresentação do plano político dele", afirmou Netanyahu.
Na frente de seu principal adversário, Benny Gantz, da coalizão centrista Azul e Branco, nas pesquisas, Netanyahu ainda afirmou que fez importantes "esforços diplomáticos" para poder anunciar hoje qua a região do Vale do Jordão poderia ser imediatamente anexada.
O secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Saeb Erekat, classificou os planos de Netanyahu como ilegais e disse que a proposta se soma ao "histórico de violações do direito internacional por parte de Israel".
Erekat também pediu que a comunidade internacional atue para evitar que Netanyahu e seus aliados enterrem as perspectivas de paz na região.