ONU denuncia morte de quase 50 manifestantes no Iraque
Vítimas estavam desarmadas quando foram baleadas nos protestos enquanto cometiam atos de vandalismo ou tentavam invadir locais privados
Internacional|Da EFE
A Missão das Nações Unidas no Iraque (Unami) denunciou pelo menos 48 casos em que manifestantes desarmados foram mortos a tiros durante os protestos que abalaram o país e que recomeçaram no dia 25 de outubro, após um primeiro surto no início daquele mês.
De acordo com um relatório divulgado nesta terça-feira (5), a Unami observou que essas vítimas foram baleadas "durante protestos ou quando cometiam atos de vandalismo, como incêndios ou tentativas de invadir escritórios do governo ou de partidos políticos", mas em nenhum caso "representavam uma ameaça iminente (de provocar) a morte ou ferimentos a outras pessoas".
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Além disso, o relatório aponta que, segundo informações coletadas, "nenhum dos manifestantes estava armado em nenhum desses casos".
A Unami não apontou diretamente os autores dos disparos. No entanto, relatos e acusações indicam a presença de milicianos armados em alguns casos e o uso de fogo real pela polícia e outras forças de segurança contra os manifestantes.
No total, a missão da ONU registrou 97 mortes e milhares de feridos neste segundo surto de protestos, entre os dias 25 de outubro até ontem, 4 de novembro.
Nestes últimos protestos, os manifestantes não são apenas jovens, trabalhadores ou ativistas da sociedade civil. Os atos têm contado com pessoas de idades diferentes, incluindo idosos e um grande número de mulheres.
Os protestos seguem concentrados em Bagdá e outras regiões do Iraque, especialmente em Basra, Dhi Qar, Kerbala e Najaf, assim como outras áreas de maioria xiita.
O primeiro surto desses protestos ocorreram no início de outubro e, em pouco mais de uma semana, cerca de 160 pessoas morreram e mais de 5 mil ficaram feridos, de acordo com dados oficiais.
A Unami disse estar monitorando as denúncias de prisões de manifestantes e ativistas e que possui "informações confiáveis" de que dezenas de pessoas foram detidas em Babil, Bagdá, Basra, Dhi Qar, Qadisiyyah e Kerbala, e que outras foram presas apenas por apoiarem os protestos.
A missão também denunciou "os seguidos esforços do governo para suprimir a cobertura das manifestações, incluindo declarações que possam ser consideradas como intimidatórias pelos meios de comunicação e o bloqueio das redes sociais".
Hoje, após mais um surto de violência, o Iraque teve a internet bloqueada em quase todo seu território, segundo o NetBlocks, plataforma que monitora a censura da internet.