Oposição faz convocação para atos contra presidente do Paraguai
O Partido Liberal, na semana passada, apresentou à Câmara dos Deputados um processo de impeachment contra o presidente
Internacional|Da EFE
Partidos de oposição ao governo do Paraguai estão fazendo convocação nesta segunda-feira (12) para que a população proteste contra Mario Abdo Benítez, um dia antes do aniversário de um ano da posse do presidente, devido a crise gerada pelo acordo energético com o Brasil, envolvendo a usina de Itaipu.
Encabeçado pelo Partido Liberal, o bloco pretende que seja mantida a ameaça de um julgamento político do mandatário e do vice-presidente Hugo Velázquez, ambos do Partido Colorado, por causa da assinatura dessa resolução bilateral.
O líder do Partido Liberal, Efraín Alegre, afirmou que os paraguaios devem ir às ruas nesta quarta-feira (14), ostentando bandeiras do Paraguai, para manifestar o descontentamento com o que classificou como "grave traição" aos interesses do país.
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"Vamos nos manifestar, vamos marchar. Vamos comunicar tudo ao Ministério do Interior, para que não haja nenhuma desculpa sobre o itinerário, para que não nos incomodem e nos agridam, como vêm fazendo sempre", disse o oposicionista.
O senador da coalizão de esquerda Frente Guasu, Carlos Filizzola, também se manifestou em entrevista coletiva contra o governo.
"Não vamos deixá-lo impune, não vamos deixar que isso acabe no esquecimento, como querem Abdo Benítez e sua equipe", garantiu o parlamentar.
O Partido Liberal, na semana passada, apresentou à Câmara dos Deputados um processo de impeachment contra o presidente, o vice e o ministro da Fazenda, Benigno López, pelo polêmico acordo sobre a compra de energia de Itaipu firmado com o Brasil. A proposta, no entanto, não avançou, já que o governante tem maioria na casa.
Filizzola classificou a atual administração como "entreguista", por ceder as interesses do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e disse acreditar que a queda de Abdo Benítez é a única solução para encerrar a crise.
A negociação bilateral sobre a compra de energia de Itaipu, assinado em maio em sigilo, estabelecia um cronograma de contratação até 2022, um ano antes do prazo para a renegociação do Anexo C do Tratado de Itaipu e foi denunciado pela oposição como lesivo aos interesses do país.
Por causa do escândalo, cinco integrantes do alto escalão do governo de Abdo Benítez renunciaram aos cargos, entre eles, o ministro de Relações Exteriores, Luis Alberto Castiglioni.