Oposição venezuelana relata baixa participação em referendo sobre disputa com a Guiana

Vários partidos e políticos da oposição na Venezuela relataram uma baixa participação no referendo não vinculativo que acontece neste domingo no país, promovido pelo governo para “reforçar” a defesa nacional na disputa com a Guiana por um território de quase 160.000 quilômetros quadrados.

O partido Voluntad Popular (Vontade Popular) postou diversas mensagens no X (antigo Twitter) em que mostra fotografias e vídeos de centros eleitorais vazios ou com baixa afluência, principalmente em Caracas, mas também nos estados de Mérida (oeste), Nueva Esparta (nordeste) e Guárico (centro).

Da mesma forma, o ex-deputado Juan Pablo Guanipa, do partido Primeiro Justiça, publicou um vídeo no qual exibe vários pontos de votação praticamente vazios em regiões como Lara (oeste), Aragua (norte), Falcón (noroeste), Anzoátegui (leste) e Zulia (oeste, na fronteira com a Colômbia).

“No final, [o governo] dará o número [de participação] que quiser dar, mas o que está claro é que essas pessoas não mobilizam ninguém na Venezuela”, disse Guanipa.

A imprensa local também noticiou o baixo comparecimento às urnas registrado em alguns dos 15.857 centros de votação habilitados para o referendo, no qual 20,69 milhões de venezuelanos estão convocados a participar.

A situação de baixa participação foi constatada pela Agência EFE em centros de votação em Caracas e Maracaibo, capital de Zulia.

Questionado sobre o assunto, o presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Elvis Amoroso, garantiu aos jornalistas que nas suas digressões tem visto “filas” nos centros de votação, “inclusive do lado de fora” destes locais, de pessoas à espera da sua vez de votar.

“Neste momento, temos o triplo da participação que tem ocorrido em outros processos eleitorais”, declarou Amoroso, sem detalhar a que eventos de votação se referia ao fazer a comparação.

A consulta, que por si só não representa uma mudança na área disputada com a Guiana, pergunta aos cidadãos se concordam ou não com a anexação ao mapa nacional do território em questão, sobre o qual a Venezuela não exerce controle desde 1899.