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Origem indiana de Rishi Sunak, uma pressão extra na relação do Reino Unido com a Índia

Países mantêm uma relação próxima, mas novo primeiro-ministro britânico pode reforçar um sentimento anticolonial nos indianos

Internacional|Do R7

Rishi Sunak é o primeiro-ministro do Reino Unido mais jovem em 200 anos
Rishi Sunak é o primeiro-ministro do Reino Unido mais jovem em 200 anos

A origem indiana de Rishi Sunak, recentemente nomeado primeiro-ministro do Reino Unido, não significará grandes mudanças nas relações entre o país europeu e a Índia, embora a pressão à qual estará sujeito por não ser "brando" com Nova Délhi possa endurecer a sua posição nas negociações, disseram na terça-feira (25) analistas da ex-colônia britânica à Agência EFE.

"Sunak pode complicar um pouco as coisas porque estará sob pressão para não ser brando com a Índia, e pode tentar projetar uma imagem de que está tentando favorecer os interesses britânicos", comentou Harsh V. Pant, chefe do Programa de Estudos Estratégicos da Observer Research Foundation (ORF).

Sunak se tornou o primeiro membro de uma minoria étnica, não branca, hindu e o mais jovem desde o século 18, aos 42 anos, a assumir o cargo de primeiro-ministro do Reino Unido.

A chegada ao poder, em meio a uma crise política no país europeu e com uma economia à beira da recessão, foi aplaudida por muitos políticos na Índia, incluindo o primeiro-ministro indiano, o nacionalista hindu Narendra Modi.


Na segunda-feira (24), coincidindo com as celebrações do festival hindu do Diwali, Modi comentou no Twitter que o encontro foi uma "ponte viva" com os indianos no Reino Unido e a transformação dos seus "laços históricos em uma parceria moderna".

Outros indianos não perderam a oportunidade de trazer à tona um sentimento anticolonial e revanchista, vendo uma pessoa de origem indiana alcançar o topo político em Londres 75 anos após a Índia ter conquistado a independência do Reino Unido.


Entre eles estava o secretário-geral do grupo, Mahindra Anand Mahindra, que destacou a citação do ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill de 1947 aos políticos indianos no período que antecedeu a independência da Índia.

"Ao entregarmos o governo da Índia a estas supostas classes políticas, estamos entregando o governo a espantalhos, dos quais, dentro de alguns anos, não restarão vestígios", disse Churchill à época, uma citação que muitos na Índia se lembram hoje.


Economia e defesa

Nestes 75 anos, os laços entre os dois países amadureceram progressivamente para longe das tensões pós-coloniais, ao ponto de serem hoje particularmente estreitos em matéria de segurança e comércio.

A ex-primeira-ministra britânica Liz Truss visitou a capital indiana no ano passado, à época como ministra das Relações Exteriores, para concluir uma série de acordos de defesa e segurança da região Indo-Pacífico.

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Já o ex-primeiro-ministro Boris Johnson visitou a Índia em abril, em uma tentativa de fechar um acordo de livre-comércio entre as duas nações, que foi anunciado em janeiro deste ano, mas que ainda não se concretizou.

O economista indiano Santosh Mehrotra não acredita, contudo, que a chegada de Sunak fará qualquer diferença para a assinatura deste acordo, frisando que ele dará prioridade à recuperação da economia interna do Reino Unido, e não dará mais atenção ao futuro acordo comercial com a Índia do que os seus sucessores.

"Penso que não fará qualquer diferença", disse o especialista à EFE, ao concordar que Sunak "será ainda mais cuidadoso na sua relação com a Índia, de modo a não suscitar desconforto ou suspeitas na imprensa britânica".

Ambos os analistas destacaram a diáspora indiana como os principais beneficiários da nomeação de Sunak, pois acreditam que ele pode "usar o seu capital político" para apoiá-los, apesar do mal-estar de alguns membros do Partido Conservador.

"Há uma preocupação em todos os partidos políticos de que a diáspora indiana é importante e as regulações com a Índia são importantes", disse Harsh V. Pant, que acrescentou que as relações entre Índia e Reino Unido continuarão crescendo, "seja quem for o primeiro-ministro". 

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