Pais do jornalista detido em Belarus pedem ajuda para sua libertação
Roman Protasevich foi detido após voo comercial em que estava ter sido obrigado a aterrissar no aeroporto de Minsk
Internacional|Do R7
Os pais de Roman Protasevich, jornalista dissidente detido pelo governo de Belarus após o desvio de seu voo e da aterrissagem forçada em Minsk, pediram nesta quinta-feira (27) ajuda para conseguirem a libertação de seu filho.
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"Quero me dirigir a você, como mãe de Roman, quero que ouçam meu grito, o grito da minha alma, para que entendam como é difícil para nós viver este absurdo, essa situação", declarou Natalia Protasevich em uma entrevista coletiva em Varsóvia.
"Quero que transmitam nosso pedido ao mundo, aos representantes dos governos, aos líderes da UE, aos líderes americanos: grito, suplico, ajudem-me a libertar meu filho", acrescentou ela, visivelmente emocionada.
O pai de Roman, Dmitry, ressaltou que seu filho é "um homem sólido".
Os pais de Roman Protasevich se mudaram para a Polônia há oito meses, depois de sofrerem a repressão dirigida contra as manifestações sem precedentes organizadas após a polêmica eleição presidencial de agosto de 2020.
Após o desvio para Minsk, no domingo, de um avião comercial para prender Roman Protasevich, os líderes da UE decidiram, no dia seguinte, proibir seu espaço aéreo e seus aeroportos para os aviões bielorrussos e recomendaram que as companhias aéreas da UE evitassem seu espaço aéreo. Também pediram a aplicação de novas sanções.
Os ministros das Relações Exteriores do G7 condenaram "com veemência" a prisão de Protasevich e sua companheira e exigiram sua "libertação imediata e incondicional", assim como a de outros jornalistas e presos políticos do país.
Em nota, os chefes da diplomacia das sete maiores economias e da UE denunciaram o "perigo para a segurança de passageiros e tripulantes" do voo entre a Grécia e a Lituânia, que no domingo foi desviado para Minsk com um falso alerta de bomba, de forma a prender Protasevich.
O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, informou na quinta-feira que "não havia absolutamente nenhuma evidência" da presença de possíveis agentes da KGB, dos serviços secretos bielorrussos "ou de outros serviços de segurança" no avião desviado, como havia sugerido o gerente da Ryanair, Michael O'Leary.
Sanções da UE a Belarus
O diretor da ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) disse nesta quinta-feira que jornalistas bielorrussos enfrentam uma "situação desastrosa" durante uma visita à vizinha Lituânia.
Christophe Deloire viajou a Vilnius em "sinal de apoio aos jornalistas bielorrussos", depois de se encontrar com promotores lituanos, que abriram uma investigação sobre o desvio de um voo da Ryanair no domingo.
Deloire apresentou uma queixa na Lituânia contra o presidente Lukashenko.
Europa discute sanções a Belarus após prisão de opositor
A UE pode atingir fortemente a economia de Belarus com sanções às exportações de potássio e ao trânsito de gás em seu território, como punição pelo desvio do avião civil, informou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, em entrevista exclusiva à AFP.
"Belarus é um grande exportador de potássio, de cerca de US$ 2,5 bilhões. Tudo isso vai para os países bálticos. É fácil de controlar, se você realmente quiser", acrescentou Borrell antes de uma reunião informal de chanceleres europeus em Lisboa.
"Também podemos imaginar que o gás que chega à Europa através de Belarus o faça através de outro gasoduto, e Belarus perderia os direitos de passagem", acrescentou.
- Voos cancelados -
A companhia aérea Austrian Airlines cancelou um voo entre Viena e Moscou nesta quinta-feira, após a recusa da Rússia em autorizar uma mudança de itinerário para evitar o espaço aéreo bielorrusso.
O grupo alemão Lufthansa, controlador da Austrian Airlines, afirmou que "todas as empresas do grupo Lufthansa estão evitando o espaço aéreo bielorrusso".
A Austrian Airlines suspendeu até segunda ordem sobrevoar o espaço aéreo de Belarus devido a uma recomendação da Agência Europeia para a Segurança da Aviação (AESA), disse a instituição.
Com estes fechamentos do espaço aéreo, a principal líder da oposição, Svetlana Tikhanosvskaya ressaltou que os bielorrussos já não "têm a possibilidade de fugir do país se quiserem escapar do regime" e que a oposição bielorrussa no exílio está estudando a possibilidade "de evacuações urgentes das pessoas perseguidas", observou à AFP, a partir do seu exílio na Lituânia.
Belarus conta com o firme apoio do seu principal aliado, a Rússia, que indica "não ter motivos para não acreditar nas declarações dos dirigentes bielorrussos" sobre o caso.
Nesta quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, pediu para que parem "de demonizar as pessoas que o Ocidente não gosta".
Alexander Lukashenko e Vladimir Putin devem se encontrar na Rússia na sexta-feira (28).