'Parem de politizar o coronavírus', cobra diretor-geral da OMS
Depois de ameaças e críticas de Trump, Tedros pede que países trabalhem com união e ressalta que organização está fazendo tudo o que pode
Internacional|Do R7
Em meio a uma crise com os Estados Unidos, principal doador da OMS (Organização Mundial da Saúde), o diretor-geral da entidade, Tedros Adanon, pediu, nesta quarta-feira (8), que os países -- sem especificar -- parem de politizar o coronavírus e que comecem a acreditar em união e trabalho conjunto.
Na terça-feira (7), Trump fez uma série de ameaças contra a OMS, disse que deixaria de ajudar financeiramente e alegou que a instituição tinham conhecimento sobre o novo coronavírus antes do que afirmam. Mais que isso, segundo Trump, a entidade não teria feito nada para impedir que a doença se alastrasse pelo mundo.
Tedros ressaltou que a organização só teve conhecimento sobre o vírus há 100 dias e que está “fazendo tudo o que pode” para controlar a pandemia, que já se espalhou por mais de 200 territórios.
Apesar de não se dirigir diretamente os Estados Unidos no discurso de abertura, o diretor foi questionado durante a coletiva de imprensa sobre as ameaças de Trump. “Por favor, pare de politizar o coronavírus”, pediu Tedros.
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Além disso, o diretor disse que todos os países deveriam conseguir se unir e trabalhar juntos, esquecer as diferenças e conflitos internos e buscarem soluções para a pandemia.
Segundo ele, quando você politiza um vírus, você enfatiza e destaca as diferenças dentro do próprio território e “terá muitos sacos com corpos”.
“Sem unidade, nós te garantimos que qualquer país, mesmo se tiver muita estrutura, terá dificuldades com essa crise”, explicou.
Tedros também disse que é necessário solidariedade global, tanto na hora das pesquisas por vacinas e por cura, como para trabalharem juntos para conter a pandemia.
Recentemente, os EUA cometeram pirataria ao comprar estoques de equipamentos médicos da China e de outros países, impossibilitando o acesso de outros países, especialmente os mais pobres, de conseguirem máscaras e outros materiais extremamente necessários para evitar o contágio pelo coronavírus.
“Se você não acredita em unidade, se prepare para o pior”, reforçou Tedros.
Financiamento do setor privado
Com o aumento da procura e demanda de equipamentos médicos, como máscaras, a OMS está pedindo ajuda do setor privado para conseguir enviar os materiais aos países que mais precisam.
Segundo Tedros, já foram enviados mais de 2 milhões de equipamentos médicos de uso pessoal e mais de 1 milhão de testes para mais de 100 países.
“Muito mais é necessário, isso não é o suficiente”, disse.
Desde que o vírus foi descoberto e o mundo alertado, Tedros disse que a OMS está trabalhando duro para proteger os mais pobres e vulneráveis não apenas em países em desenvolvimento, mas em todos os países.