Partido de Alan García culpa MP peruano por morte de ex-presidente
Ex-mandatário atirou na própria cabeça. Congressista, ex-chanceler e ex-ministra condenaram investigações e tentativa de prisão
Internacional|Da EFE
Congressistas do Partido Aprista Peruano (PAP), do ex-presidente Alan García, que nesta quarta-feira (17) se suicidou com um tiro na cabeça quando seria detido em cumprimento de uma ordem judicial, culparam o Ministério Público pela tragédia.
O congressista Mauricio Mulder declarou à imprensa que esta tragédia é "a concretização de um mecanismo de perseguição e busca de popularidade doentia por parte de algumas pessoas que se alimentam de poder e que querem ficar na história como carcereiros".
Por sua vez, o ex-chanceler Luis Gonzales Posada, também militante do PAP, acusou o Ministério Público de querer prender arbitrariamente políticos sem um devido processo.
"É o resultado de um pérfido, malévolo e de uma abusiva violação de um Ministério Público que pode deter quem quiser", criticou o ex-chanceler.
Leia também
Peru: preso, ex-presidente Pedro Pablo Kuczynski é internado
Como o escândalo Odebrecht pautou discurso do futuro presidente do México
Últimos quatro presidentes peruanos são acusados na Lava Jato
Ex-presidente do Peru passa primeira noite preso após Lava Jato
Como o escândalo da Odebrecht no Peru culminou com suicídio de ex-presidente
A ex-ministra do Interior Mercedes Cabanillas também acusou o órgão de abusar de sua autonomia para perseguir personagens como García e "encobrir" outros, como a ex-prefeita de Lima Susana Villarán, também investigada pelo caso Odebrecht no Peru.
"Lamento a atuação da Promotoria. Alan García sempre mostrou disposição a ser investigado", declarou.
Cabanillas considerou injusta a ordem de detenção decretada contra García por considerar que não há provas.
"Podemos ser investigados, mas desde que nossos direitos sejam respeitados. Por que fazer isso? Me desperta um pouco de suspeita", questionou o ex-congressista.
Além de García, a Justiça decretou a prisão de Luis Nava, secretário da Presidência durante o governo do líder do PAP, e Miguel Atala, também colaborador do ex-presidente. Ambos são apontados pela investigação como testas de ferro de García.
A Justiça também pediu a prisão do ex-ministro de Transportes, Comunicações, Habitação e Construção Enrique Cornejo, que se entregou às autoridades horas depois.
A situação legal de García se complicou no domingo, quando trechos de uma delação premiada da Odebrecht revelaram que o ex-secretário da Presidência e seu filho, José Antonio Nava, receberam US$ 4 milhões da empresa para a concessão do contrato de construção da linha 1 do metrô de Lima.