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Pautas conservadoras e Catalunha tomam conta da eleição espanhola

Partidos que ficavam mais próximos ao centro adotam discurso conservador para disputar eleitores com o Vox, da extrema-direita

Internacional|Fábio Fleury, do R7

O presidente da Espanha, Pedro Sánchez, em seu último ato de campanha
O presidente da Espanha, Pedro Sánchez, em seu último ato de campanha O presidente da Espanha, Pedro Sánchez, em seu último ato de campanha

A Espanha vai às urnas em uma eleição geral neste domingo (28), no fim de uma campanha marcada, como tem sido comum em países da Europa, pelo avanço do nacionalismo, especialmente na questão da independência da Catalunha, e dos partidos de extrema-direita.

O PSOE, do presidente Pedro Sánchez, que governa o país há apenas dez meses, tentará manter o controle do Congresso, mas não terá vida fácil. Do outro lado do espectro político, o Vox, de extrema-direita e apoiado pelo ex-guru de Donald Trump, Steve Bannon, deve entrar no Legislativo pela primeira vez.

Em meio a isso, o PP, do ex-presidente Mariano Rajoy, busca voltar ao cenário político e tenta disputar os votos mais conservadores com o Vox. Partidos como o Ciudadanos e o Podemos vão tentar se consolidar no centro e podem ser decisivos para a formação do próximo governo.

Estarão em jogo as 350 vagas de deputados e as 208 de senadores, e o resultado será decisivo não apenas para a manutenção de direitos que muitos já consideravam adquiridos como para a própria unidade nacional da Espanha.

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Pautas conservadoras

Para a cientista política Gabriela Brochner, doutora em relações internacionais que mora na Espanha há 7 anos, o PP está abandonando algumas práticas liberais que defendia há alguns anos e adotando um tom ainda mais conservador, para disputar votos com o Vox.

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"O PP está com um discurso mais conservador que o habitual. Já era, mas está voltando a tocar em pautas que já não eram mais abordadas, como o aborto. O candidato deles, Pablo Casado, chegou a afirmar que não tinha dinheiro pras aposentadorias porque não nasciam crianças, porque as mulheres abortam muito", afirma Gabriela.

Essa mudança, explica ela, acontece para que o PP não perca tantos votos para o Vox, que tem uma pauta ainda mais contrária aos direitos. O Ciudadanos, que tem uma postura mais liberal na questão dos costumes, passa pelo mesmo processo, na opinião da cientista.

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"O partido é abertamente liberal, tem uma agenda em relação aos direitos sexuais bem progressista, mas em relação ao resto dos direitos humanos é mais complicado, tem várias restrições em relação aos imigrantes", relata.

A questão catalã

A luta da Catalunha por independência também é um assunto importante nas campanhas dos diversos partidos. As legendas mais conservadoras defendem medidas mais extremas contra a região mais rica da Espanha, que tentou se separar após um referendo unilateral em 2017.

"Ciudadanos, PP e Vox defendem a aplicação de sanções duras previstas na Constituição pra esse tipo de problema, que basicamente significa sequestrar a administração autonoma. Isso implicaria em muita repressão e violência policial. O Podemos e outros defendem o diálogo", alerta a brasileira.

Apesar de aparecer nas pesquisas atrás de corrupção e desemprego como os assuntos mais importantes para uma decisão eleitoral, a questão da Catalunha teve um efeito muito profundo sobre o país todo, inclusive na derrota do PSOE na Andaluzia, tradicional reduto do partido, nas eleições regionais do ano passado. 

"A independencia da Catalunha dividiu a sociedade. Tem os dois nacionalismo, o espanhol e o catalão, mas o espanhol não se considera como um nacionalista. Para ele a unidade nacional é algo natural, é o que se vê nos discursos deles", relata.

Projeções e blocos

Segundo Gabriela, a tendência é que o Vox consiga cerca de 20 vagas no Congresso. Pode parecer pouco, mas pode ser decisivo para formar um possível bloco de direita com o Vox e o Ciudadanos e governar o país.

"É possível que o PSOE seja o partido mais votado, mas vai depender muito dos outros partidos, especialmente do Podemos, para formar uma coalizão de esquerda", resume.

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