Pedidos de refúgio de venezuelanos crescem 226% em um ano
Em se tratando de solicitações de asilo, venezuelanos só ficam atrás dos sírios, afegãos e iraquianos — todos egressos de países em guerra
Internacional|Ana Luísa Vieira, do R7
Os pedidos de refúgio por parte de venezuelanos pelo mundo dispararam 226% entre 2016 e 2017. O dado é do relatório sobre tendências globais de migração e refúgio lançado pelo Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) nesta terça-feira (19). Segundo o estudo, em 2017 os venezuelanos registraram 111.600 solicitações de asilo, enquanto em 2016 houve 34.200 solicitações. Em 2015, o número foi de 10.200.
O levantamento da entidade ainda aponta que, em se tratando de pedidos de refúgio, os venezuelanos só ficam atrás dos sírios, afegãos e iraquianos — todos egressos de países em guerra. A maioria das solicitações de venezuelanos (33.100) foi enviada ao Peru. Em segundo lugar, vêm os Estados Unidos (30.000 pedidos). O Brasil, que recebeu 17.900 solicitações de refúgio de venezuelanos de acordo com a pesquisa do Acnur, fica em terceiro lugar.
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"A situação no país é complexa. Estimamos que 1,5 milhões de pessoas tenham deixado a Venezuela nos últimos anos — solicitantes de refúgio ou não", afirmou Federico Martínez, representante-adjunto do Acnur no Brasil, no I Encontro Internacional e II Encontro Estadual de Migração e Refúgio, realizado em São Paulo.
Residência temporária ou visto de trabalho
A organização aponta que, até o início de 2018, mais de 500 mil venezuelanos tenham recorrido a formas alternativas de permanência — que não o refúgio — em países da América do Sul como Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Peru e Uruguai.
O relatório da Acnur destaca, por exemplo, que 8.500 venezuelanos vivem no Brasil atualmente sob acordos de residência temporária, vistos de trabalho e vistos humanitários.
A maior preocupação, entretanto, são os venezuelanos que continuam fora de casa de maneira irregular. "Sem acesso a um status legal, eles correm um risco maior de violência, exploração, abuso sexual, tráfico e discriminação", pondera o relatório.
Crise na Venezuela
O país governado por Nicolás Maduro sofre os efeitos de uma crise econômica com severo desabastecimento de alimentos e remédios, situação descrita pela OEA (Organização dos Estados Americanos) como "crise humanitária".
O êxodo representa o maior fluxo migratório de pessoas na história recente da América do Sul.