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Falta de oportunidades marca realidade de venezuelanos no Brasil

Especialistas falam sobre desafios enfrentados por refugiados e imigrantes comentam decisão de fugir: ‘Nunca pensei ter que fazer isso’

Internacional|Ana Luísa Vieira, do R7

Abrigo para venezuelanos em Boa Vista
Abrigo para venezuelanos em Boa Vista Abrigo para venezuelanos em Boa Vista

Adaptação ao idioma, dificuldade em encontrar emprego, xenofobia e vulnerabilidade social: para os venezuelanos que vêm ao Brasil fugindo da crise econômica em seu país, é comum encontrar outra realidade cheia de desafios.

Ela já começa na fronteira. Nesta sexta-feira, o governo de Roraima anunciou que quer fechar a fronteira temporariamente para impedir a entrada de venezuelanos. O governo irá ao ao STF (Supremo Tribunal Federal) para obrigar a União a tomar medidas neste sentido.

O cenário de dificuldades também não deve ser muito diferente para os 104 venezuelanos que acabam de desembarcar em São Paulo, numa tentativa de diminuir o número de refugiados que se acumulam em Roraima.

"Na maior parte dos casos — especialmente daqueles que chegam a partir da fronteira com Roraima —, o projeto migratório costuma ser muito limitado. Geralmente, os venezuelanos escolhem fazer a travessia para o Brasil ou a Colômbia porque têm pouco dinheiro e isso é tudo o que eles conseguem fazer. Quando chegam aqui, com dificuldades em relação à própria saúde e insegurança alimentar, encontram uma fronteira desprovida de serviços públicos, com atendimento em saúde, segurança e educação muito limitados", comenta João Carlos Jarochinski Silva, professor de Relações Internacionais na UFRR (Universidade Federal de Roraima).

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Segundo a PF, cerca de 800 venezuelanos cruzam a fronteira com o Brasil diariamente em Pacaraima (RR), situada 190 km ao norte de Boa Vista. A estimativa é de que haja 40 mil venezuelanos na capital roraimense, o que representa mais de 10% da população local, estimada em 332 mil pessoas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Para atender os imigrantes, ainda não há a construção de uma agenda específica por parte dos governos municipal e estadual, segundo Elói Martins, pesquisador de Relações Internacionais e Geografia na mesma UFRR.

"O que melhor descreve as dificuldades dos venezuelanos no Brasil é a falta de políticas públicas e a falta de oportunidades. Especialmente no estado de Roraima, onde a população é pequena e a economia tem baixo dinamismo, existe uma incapacidade muito grande de absorver esta enorme mão de obra que chega ao nosso país. Alguns são contratados, mas acabam sendo explorados — e houve casos, inclusive, em que a Justiça identificou trabalho escravo", diz. 

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No mês de fevereiro, o presidente Michel Temer anunciou que criará uma força-tarefa para acompanhar a imigração venezuelana em Roraima. Temer prometeu dobrar número de militares na fronteira e instalar um hospital de campanha para atender as necessidades dos refugiados — além da possibilidade de enviar alguns dos que entram em Roraima para o restante do Brasil, o que começou a acontecer na primeira semana de abril.

Para Martins, os efeitos podem ser positivos. "Com uma eventual redistribuição dos fluxos, a absorção dos imigrantes e refugiados poderia ser interessante à medida que isso enriqueceria o perfil da mão de obra para determinadas áreas em que haja lacunas técnicas." 

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Entre os especialistas, é consenso que a chegada em massa de venezuelanos deve continuar no Brasil, principalmente diante da possibilidade de Nicolás Maduro se manter no poder após as eleições previstas para 20 de maio.

Em entrevista ao R7, alguns dos imigrantes relatam suas perspectivas para o futuro e as dificuldades enfrentadas na nova casa.

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