Peru: Forças Armadas dizem atuar 'em defesa do povo'
Após uma severa repressão policial aos protestos deste sábado, que deixaram um saldo de duas mortes, dezenas de pessoas feridas e desaparecidas
Internacional|Da EFE
As Forças Armadas peruanas anunciaram ter colocado "todos os seus meios e capacidades em defesa do povo", após a severa repressão policial aos protestos populares realizados ontem, que tiveram saldo de duas mortes, dezenas de pessoas feridas e desaparecidas e levaram neste domingo (15) à renúncia do recém-empossado presidente Manuel Merino.
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"As Forças Armadas colocarão todos os seus meios e capacidades em defesa de seu povo e do Estado de direito, com base nos princípios fundamentais de liberdade e democracia", enfatizou o comando conjunto em comunicado.
O texto foi divulgado enquanto Manuel Merino anunciava, em pronunciamento à nação, sua renúncia à presidência que ele havia assumido na última terça-feira, após a cassação do mandato de Martin Vizcarra.
Rejeição de chamada de Merino
Além disso, a posição do alto comando das Forças Armadas foi anunciada depois que a imprensa peruana noticiou que os comandantes gerais não responderam a uma convocação feita por Merino na manhã deste domingo no Palácio do Governo.
Embora a Constituição peruana estabeleça que o presidente é o "chefe supremo" das Forças Armadas, quando perguntado sobre este assunto, o primeiro-ministro do Peru, Ántero Flores-Aráoz, que também apresentou sua renúncia, junto com todo o seu gabinete, disse que não tinha conhecimento do assunto.
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"Eles não tinham sido convocados, que eu tenha entendido. Hoje de manhã? Não sei, honestamente, não sei", disse Flores-Aráoz a jornalistas quando estava em casa, antes de Merino renunciar.
Os comandantes gerais haviam se reunido com Merino na última terça-feira no prédio do Congresso para manifestar apoio constitucional a ele pouco antes de sua posse como chefe de Estado, um dia após a destituição de Vizcarra por acusações, ainda sob investigação preliminar, de corrupção.
Pesar pelas mortes
As Forças Armadas expressaram no comunicado "pesar pela morte de dois jovens peruanos" nos protestos ocorridos em Lima na noite de sábado e pediram aos cidadãos do país-sul-americano que contribuam "para a solução pacífica das diferenças, para enfrentar o mais rápido possível os grandes e imediatos desafios".