As últimas pesquisas publicadas na França sobre o segundo turno das eleições presidenciais, que ocorrem neste domingo (24), mostram que o atual presidente Emmanuel Macron, do La República en Marcha, vencerá Marine Le Pen, da Agrupación Nacional, com uma margem menor do que a alcançada em 2017, de 66,1% contra 33,9%. Em média, os últimos levantamentos sugerem que Macron está à frente de Le Pen com uma diferença de 10 pontos (55% contra 45%), de acordo com os institutos de pesquisa. A última pesquisa Ipsos-Sopra Steria feita para o jornal Le Monde, publicada nesta sexta-feira (22), apontou o atual presidente com 56,5% das intenções de voto, contra 43,5% de sua adversária de extrema direita. Cinco anos após a eleição de Macron, a França não é o mesmo país: protestos sociais marcaram a primeira metade do mandato, uma pandemia global confinou milhões de pessoas e a ofensiva russa na Ucrânia abalou com força o continente europeu. A guerra sobrevoou a campanha, embora "o poder de compra tenha sido a preocupação número um", disse Mathieu Gallard, da Ipsos France, à rádio France Bleu. Para ele, há uma "forte decepção" na votação. Sinal de desencanto com o primeiro turno, dias depois, os estudantes ocuparam temporariamente a universidade simbólica de Sorbonne. "Enfrentamos uma falsa escolha, duas opções que nos prejudicam", disse o jovem Baptiste, de 22 anos. Muitos jovens, assim como parte dos eleitores do esquerdista Jean-Luc Mélenchon, denunciam o desequilíbrio social e ecológico dos cinco anos do governo Macron, mas também temem que a extrema direita chegue ao poder. "O voto em Macron não se baseia em uma melhora da situação dos franceses, mas na capacidade de administrar crises", acrescentou Mathieu Gallard. Macron jogou a cartada de um presidente estável e reformista em tempos de crise; Le Pen optou por apresentar-se como defensora do poder de compra, em um contexto de preocupação com a subida dos preços da energia e dos alimentos. Quase 49 milhões de franceses têm nas mãos a escolha de qual França querem até 2027, uma decisão que pode implicar uma mudança nas alianças internacionais dessa potência nuclear e econômica se o herdeiro da Frente Nacional for eleito. Le Pen propõe inscrever na Constituição a "prioridade nacional" de excluir estrangeiros da assistência social e defende o abandono do comando integrado da Otan e a redução dos poderes da União Europeia (UE). Em vez disso, Macron defende mais Europa, seja em questões econômicas, sociais ou de defesa, e recupera seu impulso reformista e liberal, com sua proposta de adiar a idade de aposentadoria de 62 para 65 anos. Após o dia de reflexão, quando é proibido transmitir votações e campanhas, as assembleias de voto na França metropolitana abrirão às 8h deste domingo (3h em Brasília). Os territórios ultramarinos e os franceses no continente americano já começaram a votar, devido à diferença de fuso horário. A partir das 20h (15h em Brasília), no encerramento das últimas escolas, os resultados serão conhecidos. Le Pen poderia então se tornar a primeira mulher presidente, e Macron, o primeiro a ser reeleito desde o conservador Jacques Chirac (1995-2007). "Independentemente do vencedor, o país será mais difícil de governar nos próximos cinco anos", disse a cientista política Chloé Morin à AFP. Após a votação, a França iniciará a campanha para as eleições legislativas de 12 e 19 de junho, que decidirão com qual maioria o futuro chefe de Estado governará. "Uma terceira rodada", para Gaspard Estrada, especialista em campanhas da Sciences Po. De acordo com uma pesquisa do BVA nesta sexta-feira (22), 66% dos franceses querem que Macron perca sua maioria parlamentar. A última "coabitação" remonta ao período de 1997 a 2002, quando Chirac nomeou o socialista Lionel Jospin como primeiro-ministro. O esquerdista Jean-Luc Mélenchon já pediu aos franceses que o elejam "primeiro-ministro" nas eleições legislativas. Seu partido, comunistas e ambientalistas estão negociando uma frente comum para essas eleições.