Pier Luigi Bersani, ex-comunista de tendência liberal

O secretário-geral do Partido Democrático (PD), Pier Luigi Bersani, favorito nas pesquisas para o cargo de chefe de Governo da Itália após as eleições de 24 e 25 de fevereiro, é um veterano político formado no antigo Partido Comunista Italiano (PCI), aberto ao liberalismo econômico, que ama o cigarro toscano e fala com franqueza inusual.

Nascido em 29 de setembro de 1951 na província de Piacenza, na região de Emilia Romagna (norte), filho de um humilde frentista, Bersani se formou em Filosofia na Universidade de Bolonha com uma tese sobre São Gregório Magno, o quarto Papa da Igreja Católica.

Secretário do PD desde 2009, sua vida foi marcada pela figura inovadora do então secretário do Partido Comunista, Enrico Berlinguer, o pai do "eurocomunismo", como muitos jovens de sua geração.

De conselheiro regional na Emilia Romagna virou presidente da região em 1993, uma das áreas mais prósperas e melhor administradas da península.

Fã de rock, com uma fisionomia séria mas afável, superou no fim do ano passado nas eleições primárias o principal adversário, Matteo Renzi, o jovem prefeito de Florença (37 anos), e conquistou o respeito dos cidadãos e da classe política em geral.

Apesar do pouco carisma, Bersani representa "a alma da esquerda", segundo o Instituto Cise/Luiss.

Como a maioria dos militantes do PCI, entrou, após o histórico fim da formação, no Partido Democrata de Esquerda (PDS), que em 2007 virou o Partido Democrático (PD).

Foi ministro da Indústria durante o primeiro governo de Romano Prodi, em 1996. Posteriormente foi nomeado ministro dos Transportes em outro governo Prodi e ministro do Desenvolvimento Econômico entre 2006 e 2008, ano da derrota da esquerda para Silvio Berlusconi.

Graças aos cargos, ganhou projeção nacional e virou uma personalidade apreciada nos meios econômicos e industriais.

Também se distinguiu por promover uma onda de privatizações em setores diversos, como a energia elétrica ou a venda de medicamentos nos supermercados.

Em seus discursos mais recentes afirmou que manterá o rigor pregado pelo atual chefe de Governo, o tecnocrata Mario Monti, mas destacou que suas prioridades serão "o emprego e reduzir a brecha da desigualdade".

Bersani é deputado italiano e também já foi deputado europeu. Fundou ao lado do colega e ex-ministro das Finanças Vincenzo Visco um centro de reflexão chamado Nens (Nova economia, nova sociedade).

Para equilibrar a imagem de homem do sistema, nos últimos meses se cercou de jovens e promoveu as mulheres dentro do partido. Também agradou os católicos ao citar o Papa João XXIII (1958-1963) entre seus heróis, durante um debate na TV antes das primárias.

É casado desde 1980 com Daniela Ferrari, uma farmacêutica com a qual tem duas filhas, Elisa e Margherita.

Bersani também ganhou fama como um duro opositor do magnata Silvio Berlusconi, mas não conseguiu provocar sua queda do governo, o que abalou sua avaliação no comando do PD.

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