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Plano de paz de Trump para Israel-Palestina está 'fadado ao fracasso'

Para analistas, iniciativa já nasce "morta" porque os dirigentes palestinos já afirmaram que não reconhecem Trump como mediador do conflito

Internacional|Da EFE

Palestinos queimam fotos de Donald Trump em protesto na faixa de Gaza
Palestinos queimam fotos de Donald Trump em protesto na faixa de Gaza

Depois de vários atrasos, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apresentará nesta terça-feira (28) uma proposta de paz para Israel e Palestina, mas o plano está, ao menos ao princípio, fadado ao fracasso.

O chamado "Acordo do Século" é, na visão do analista israelense Amir Oren, "puramente político". Para ele, o fato de o plano ser rejeitado por antecipação pelos palestinos, que não aceitam o governo dos Estados Unidos como único mediador, faz a ideia já nascer morta.

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O momento de divulgação da proposta, faltando pouco mais de um mês para as novas eleições de Israel, marcadas para o próximo dia 2 de março, também atende aos interesses do próprio Trump e do primeiro-ministro interino do país, Benjamin Netanyahu.

Acusado de corrupção, Netanyahu tenta se manter no poder para evitar ser julgado e, inclusive, pediu imunidade ao parlamento de Israel, o Knesset.


Em campanha

Apesar de o plano ainda não ter sido divulgado, vazamentos divulgados por alguns veículos de imprensa local mostram que a proposta de Trump aceita as demandas da direita israelense, como a extensão da soberania do país sobre os assentamentos na Cisjordânia ocupada.

"O plano será só um espetáculo", resumiu Oren.


O analista não vê chances de que o acordo traga mudanças para a situação entre israelenses e palestinos, mas será um instrumento de campanha para Netanyahu, que mantém como promessa a anexação dos assentamentos na Cisjordânia ocupada.

O próprio primeiro-ministro interino deu nesta segunda-feira sinais de que vê o plano como uma aposta decisiva para as eleições de março.


"Só quero dizer que o Acordo do Século é a oportunidade do século", afirmou Netanyahu, mostrando otimismo, ao lado de Trump na Casa Branca.

Trump também se reuniu com Benny Gantz, rival político de Netanyahu, como uma mostra de que não tem intenção de interferir na política interna de Israel.

Gantz, do partido Azul e Branco, venceu por uma vantagem mínima o pleito realizado em setembro do ano passado e deve ser mais uma vez o mais votado em março, segundo as pesquisas divulgadas pela imprensa de Israel.

O favoritismo o tornou no primeiro político israelense sem cargo no governo a se reunir pessoalmente com um presidente dos EUA durante uma campanha eleitoral.

Para Oren, o acordo também é uma forma de Trump desviar a atenção do processo de impeachment aberto contra ele e agradar um setor estratégico do eleitorado republicano: os evangélicos, defensores decididos de Israel.

Medo palestino

Trump se mostrou convencido de que conseguirá o apoio dos palestinos, apesar dos reiterados avisos de que nada que vier do atual governo dos EUA será aceito pela Autoridade Nacional Palestina (ANP).

O presidente da ANP, Mahmoud Abbas, inclusive se negou a atender nesta segunda-feira uma ligação de Trump, que tenta conversar com ele desde a semana passada.

"Os EUA apresentarão uma proposta fora dos parâmetros do direito internacional", antecipou à Agência Efe o analista palestino Sam Bahour.

As conclusões de Bahour se baseiam nas decisões tomadas até então pela Casa Branca, como o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel, algo que contraria, inclusive, resolução da ONU sobre o status da cidade.

Para Bahour, Trump está brincando com fogo.

"O plano corre o risco de ser um elemento catastrófico que aprofundará as feridas e prejudicará o frágil equilíbrio do volátil conflito entre Israel e Palestina", afirmou.

Já o analista palestino Ziad Hamouri acha que a situação chegou ao "pior ponto" porque as autoridades da Palestina perderam influência e capacidade de liderança em relação ao mundo.

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