Policiais são feitos reféns por manifestantes indígenas em Quito
Movimentos capturaram oito integrantes da Polícia Nacional e pedem que o governo devolva o corpo de um líder indígena que morreu nos últimos dias
Internacional|Do R7, com EFE
Manifestantes indígenas em Quito, capital do Equador, fizeram oito policiais reféns nesta quinta-feira (10) e pediram ao governo que pare a repressão e devolva o corpo de um de seus companheiros, que morreu durante os protestos nos últimos dias, para libertá-los.
"Nos disseram que lá fora o governo está começando a lançar bombas de gás lacrimogêneo, então agora nossos líderes indígenas não soltarão os policiais, pois queremos respeito", disse à Agência Efe, Fabián Masabanda, indígena da província de Imbabura.
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Ele afirmou que as forças de segurança atacarem o CCE "não serão responsáveis pelas vidas dos policiais".
Entre os oito detidos, há uma mulher, e os indígenas negociam com a polícia para que os reféns sejam libertados.
Morte de dirigente
A retenção dos agentes ocorre no momento em que a Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie) declarou "luto"pela morte de um manifestante ontem, segundo confirmou a Defensoria do Povo.
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Inocêncio Tucumbi, dirigente da Conaie na região de Cotopaxi, foi declarado morto por traumatismo craniano durante a repressão policial aos movimentos.
De acordo com Masabanda, eles prenderam os policiais "pois eles começaram a atacar".
"Nós chegamos em paz, mas o governo nos maltratou cruelmente", afirmou, denunciando que ontem a polícia "atacou com bombas de gás lacrimogêneo" uma área da universidade onde passam a noite desde que chegaram a capital equatoriana, para os protestos que começaram há uma semana pela eliminação de subsídios a combustíveis.
Além disso, os indígenas pediram hoje que o Exército retire seu apoio ao presidente Lenín Moreno. Durante manifestação na CCE, Jaime Vargas, presidente do Conaie, também chamou de "traidores" os líderes aborígenes que estão conversando com o governo.
O pedido para que o Exército deixe de apoiar Moreno foi feito por Vargas no momento em que o presidente enfrenta os piores protestos contra seu governo desde que assumiu o poder, em maio de 2017.