Por mais 'crianças húngaras', Orbán vai pagar famílias para terem filhos
Casais receberão empréstimos milionários que serão quitados a cada novo filho, além de subsídios para carros e ajuda a mulheres novas
Internacional|Giovanna Orlando, do R7
Como vários países da Europa, a Hungria precisa enfrentar o dilema do envelhecimento da população e a queda na força de trabalho jovem no país. Eleito e reeleito com um forte discurso anti-imigração, o primeiro-ministro Viktor Orban apresentou recentemente a sua solução: um plano de incentivos para famílias húngaras terem mais filhos.
O político de extrema-direita defende que o país precisa de crianças húngaras, e não imigrantes (principalmente muçulmanos). E para alcançar a meta é aumentar a taxa de 1.45 crianças por mulher para 2.1 crianças até 2030, anunciou uma série de financiamentos sem juros para as famílias, que podem ser quitados dependendo do número de filhos, além de perdoar dívidas de mulheres jovens.
“Nós não precisamos de números. Nós precisamos de crianças húngaras”, disse Orban antes de anunciar o programa de sete pontos para beneficiar as famílias e casais recém-casados.
Como parte dos incentivos, famílias com pelo menos duas crianças terão empréstimos para ajudar a construir casas, subsídios para compra de carros com 7 lugares e mulheres com quatro filhos ou mais não precisarão mais declarar imposto de renda. Além disso, o governo vai criar novos berçários e creches e um instituto de pesquisa de estudos demográficos para pensar em novas formas de aumentar a população do país.
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As mulheres que tiverem um débito estudantil terão o saldo pendente reduzido em 50% quando der à luz dois filhos, e toda a dívida é perdoada caso ela tenha três. Além disso, se elas tiverem menos de 40 anos e se casarem pela primeira vez, são elegíveis para um empréstimo subsidiado de 10 milhões de florins (cerca de R$ 1,3 milhão), que será quitado caso ela tenha 3 filhos.
O pacote de medidas vai entrar em vigor na segunda metade de 2019 e pode custar até 531 milhões de dólares (quase R$ 2 bilhões) em 2020, segundo a agência de notícias estatal MTI. Os juros não terão juros e podem ser usados da forma que as famílias quiserem, garantiu a secretária de Estado Natalin Novak.
Na Europa, as famílias geralmente não tem mais que um filho, segundo dados do Eurostat, o Gabinete de Estatísticas da União Europeia. Na lista com as taxas de natalidade, divulgada em 2016, a França lidera o ranking, com 1,9 criança por mulher, seguida da Suécia, com 1,8. Espanha e Itália ficaram nas últimas posições, com 1,3 filho por mulher. A média na União Europeia é de 1.58 criança. Os países com a maior taxa de fertilidade estão na África, e a Nigéria fica em primeiro lugar, com 7 crianças por mulher.
Os incentivos pela Europa
Enquanto a Hungria segue uma política anti-imigração, a Alemanha abre as portas para acolher novos cidadãos. Segundo estudo da Fundação Bertelsmannn apresentado na terça-feira (12), o país necessitará de 266 mil novos imigrantes por ano pelos próximos 40 anos para compensar o envelhecimento da população. Eles acreditam que, sem os imigrantes, as necessidades de mão de obra não conseguirão ser cobertas.
A Alemanha também está na contramão da Europa e registrou mais nascimentos em 2016 que em outros anos, desde 1996. Parte disso se deve às políticas de incentivo, que incluem taxas de assistência infantil baixas para os pais que não conseguem arcar com o preço completo, além do direito à creche quando a criança completa 1 ano.
Na Rússia, a taxa de nascimentos caiu 10,7% em 2017, comparado a anos anteriores. É o terceiro ano consecutivo que a taxa cai. Apesar da taxa de mortalidade no país ter caído 3.9%, a baixa taxa de natalidade não fez com que a população russa tivesse um crescimento expressivo, segundo os dados do Serviço de Estatísticas do Estado Federal (Rosstat).
Para incentivar casais a terem filhos, o governo libera pagamentos mensais entre 10 a 11 mil rublos russos (entre R$ 564 a R$ 620) até o primeiro filho chegar a 18 meses. Famílias mais pobres também recebem um pagamento único de 300 mil rublos russos (cerca de R$ 16.900) para cada novo filho, segundo informações da BBC.