Prefeito assassinado e suposto agressor abatido: o que se sabe sobre a morte de Carlos Manzo
Investigadores apontam indícios de envolvimento de grupos do crime organizado
Internacional|Mauricio Torres, da CNN Internacional

O prefeito de Uruapan, Carlos Manzo, morreu na noite de sábado (1º) após ser atacado com arma de fogo em uma praça pública no centro deste município do estado de Michoacán, no sudoeste do México.
Manzo, de 40 anos, liderava a prefeitura de Uruapan desde 1º de setembro de 2024, após vencer as eleições daquele ano como candidato independente.
Durante o mandato, marcou o combate à insegurança como uma de suas prioridades e pediu ajuda tanto às autoridades estaduais quanto federais.
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Desde a noite de sábado, o assassinato do prefeito gerou indignação, reações de diversos atores políticos, alguns protestos e o anúncio de um novo plano do Governo federal para melhorar a segurança em Michoacán.
Resumo do caso
O ataque contra Manzo aconteceu no final do Festival das Velas, uma festividade local para a qual o prefeito fez uma transmissão pelo Facebook.
Carlos Torres Piña, procurador de Michoacán, disse, em um vídeo publicado no X, que a agressão aconteceu por volta das 20h10 e que Manzo morreu às 20h50 após ser levado a um hospital.
Na segunda-feira (3), durante uma coletiva de imprensa, o procurador detalhou que Manzo recebeu sete tiros em diferentes partes do corpo e o que o matou foi um impacto no tórax, na altura do abdômen.
Durante uma coletiva de imprensa no último domingo (2), o secretário de Segurança federal, Omar García Harfuch, disse que Manzo contava com proteção da Polícia Municipal e de 14 integrantes da Guarda Nacional, mas o suposto agressor aproveitou o contexto da Festa das Velas para poder agir.
“Lamentavelmente, os agressores aproveitaram a vulnerabilidade de um evento público para realizar o ataque”, argumentou.
O procurador declarou que o suposto agressor era um homem que foi abatido momentos depois no mesmo local do ataque e que uma arma curta foi apreendida.
Além disso, segundo as investigações em andamento, o suposto atacante chegou à praça pública onde foi realizado o Festival das Velas por volta das 16h. Ele se hospedou em um hotel da região, de onde saiu mais tarde para realizar a agressão.
De acordo com vídeos de câmeras de segurança divulgados pela Procuradoria, o homem vestia um moletom branco com capuz e, ao final da festividade, foi se aproximando pouco a pouco do prefeito para disparar.
O suposto atacante tinha entre 17 e 19 anos e que a identidade ainda é desconhecida, pois não portava nenhuma identificação quando foi abatido.
A Procuradoria pediu ajuda ao INE (Instituto Nacional Eleitoral) — a instituição que emite as credenciais de eleitor no México e para isso coleta dados biométricos como impressões digitais —, mas esta respondeu que não encontrou informações sobre o homem.
A pasta também divulgou imagens das tatuagens que o suposto agressor tinha e solicitou ajuda à cidadania para poder identificá-lo. O corpo do homem continua no Semefo (Serviço Médico Forense), e ainda não foi reclamado, informou a Procuradoria em entrevista à CNN Internacional nesta terça-feira (4).
As autoridades de Michoacán continuam com a investigação do assassinato e disseram haver indícios de envolvimento de um grupo do crime organizado, sem dar mais detalhes.
“Embora seja certo que o autor material foi abatido no ato, há autores intelectuais e há grupos do crime organizado por trás deste homicídio”, disse o governador de Michoacán, Alfredo Ramírez Bedolla, durante a conferência de imprensa de segunda-feira.
“A Procuradoria Geral do Estado continuará esgotando todas as ferramentas de investigação pertinentes para o esclarecimento deste fato, no qual se nota a participação, é claro, do crime organizado, sem que isso implique descartar qualquer outra linha”, assinalou o procurador no mesmo encontro com jornalistas.
As autoridades baseiam seus apontamentos em vários fatores. Um deles é que, segundo a Procuradoria, a arma empregada e apreendida após o ataque está relacionada a outros dois fatos de violência registrados em outubro.
Outro fator reside nas denúncias que o prefeito havia feito sobre os problemas de segurança em Uruapan, um município com importante atividade agrícola e onde produtores denunciaram homicídios e extorsões.
Alguns grupos criminosos que operam em Michoacán são o Cartel Jalisco Nova Geração, Cartéis Unidos, La Familia Michoacana e Los Viagras, de acordo com especialistas consultados pela CNN Internacional.
O procurador disse nesta segunda-feira que uma pessoa que havia sido detida como testemunha no sábado, um trabalhador da Defesa Civil, já foi liberada após concluir que não teve relação com os fatos.
Enquanto isso, a busca por outros suspeitos continua.
Protestos e manifestações
O assassinato de Manzo gerou alguns protestos em Uruapan, Apatzingán e Morelia — a capital de Michoacán —, assim como numerosas reações de condenação no México por parte de autoridades de todos os níveis e entre todos os partidos políticos.
O embaixador dos Estados Unidos no México, Ron Johnson, e a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, também se juntaram a estas condenações.
No México, alguns integrantes da oposição acusaram o Governo da presidente Claudia Sheinbaum e o governador Ramírez Bedolla, ambos do partido governista Morena, de serem omissos com os problemas de insegurança em Michoacán, algo que ambos rejeitam.
A mandatária, além disso, apresentou, nesta terça-feira, um novo plano de segurança para Michoacán.
Entre outras medidas, inclui enviar mais integrantes da Guarda Nacional e outras forças federais para que se concentrem no combate aos homicídios e às extorsões, estabelecer um sistema de alerta para os prefeitos do estado e realizar reuniões quinzenais entre autoridades.
“Vamos recuperar a tranquilidade com justiça, a cuidar de nossas comunidades e vamos demonstrar que a paz pode ser construída de baixo, com dignidade e com esperança”, disse Sheinbaum durante sua conferência de imprensa diária.
Michoacán somou 1.024 homicídios dolosos entre janeiro e setembro, o sétimo estado do país com mais crimes deste tipo, segundo números oficiais.
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