Presença do príncipe Andrew incomoda realeza na despedida a Elizabeth
Rainha, que o tinha como seu 'filho favorito', retirou seus títulos no começo de 2022 após escândalo de violência sexual a menor
Internacional|Do R7
"Andrew, você é um velho doente!" O grito lançado na última segunda-feira (12) contra o terceiro filho de Elizabeth 2ª em Edimburgo exemplifica o incômodo suscitado pela presença desse príncipe caído em desgraça no adeus à falecida rainha, que está sendo acompanhado por todo o mundo.
O duque de York fez um breve retorno à cena pública para prestar homenagem à mãe, que morreu na última quinta-feira no Castelo de Balmoral, aos 96 anos. No início do ano, ela havia retirado dele seus títulos militares, devido a um escândalo de agressão sexual a uma menor.
Na última segunda-feira, o homem de 62 anos era o único filho da monarca que caminhava vestido como civil atrás do caixão. Seus irmãos, o rei Charles 3º, a princesa Anne e o príncipe Edward, vestiam uniformes militares de gala.
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O papel de Andrew durante os 11 dias de luto nacional é uma das várias questões inconvenientes com as quais a Casa de Windsor tem que lidar, assim como a ruptura entre o herdeiro do trono, William, e seu irmão Harry, que no sábado apareceram inesperadamente juntos.
Uma prova do incômodo foi o grito de um homem, enquanto Andrew, um ex-piloto de helicóptero, caminhava em silêncio atrás do carro fúnebre que transportava o corpo de sua mãe até a Catedral de St. Giles, em Edimburgo, para um serviço religioso.
Durante o fim de semana, o príncipe também se uniu a outros membros da realeza para cumprimentar o público reunido do lado de fora de Balmoral e receber o cortejo, que chegava à capital escocesa.
"Como membro da família, como filho da rainha, [Andrew] está logicamente de luto por sua mãe", mas "muito me surpreenderá se houver algum papel para o duque de York no futuro", analisa Robert Hazell, especialista constitucional da University College London.
A participação desse ex-playboy divorciado também atraiu olhares durante as cerimônias fúnebres de seu pai, o príncipe Philip, falecido em abril de 2021. Andrew chegou de surpresa com a rainha, em um carro, e acompanhou-a na entrada da Abadia de Westminster.
Seu exílio reflete o grave prejuízo à imagem da família real, provocado, estima-se, por sua amizade com o magnata Jeffrey Epstein, que cometeu suicídio em agosto de 2019 nos Estados Unidos após ter sido acusado de exploração sexual de menores.
Andrew, pai das princesas Beatrice e Eugenie, foi acusado de abusar sexualmente de Virginia Giuffre quando a menina tinha 17 anos. Para dar fim às acusações, fez um acordo extrajudicial e pagou milhões de dólares à jovem.
O duque de York, que enfrentava apelos para que se afastasse da vida pública, deu uma desastrosa entrevista à BBC em 2019, na qual ofereceu uma defesa pouco convincente, questionando a autenticidade de uma fotografia sua com Giuffre.
A rainha, que, segundo alguns, por muito tempo tinha Andrew como seu "filho favorito", despojou-o de seus títulos no começo de 2022, supostamente sob pressão do agora monarca Charles 3º e do príncipe herdeiro, William.
"As monarquias que perderam o apoio popular desapareceram. Qualquer monarca astuto sempre está atento à opinião pública e responde rapidamente", explica Hazell. "Esperaria que Charles não fosse muito diferente de sua mãe" nessa questão, acrescenta.
O biógrafo real Robert Jobson informou nesta semana que William, que foi visto conduzindo Andrew a Balmoral para acompanhar a rainha em seu leito de morte, é contra um retorno de seu tio à vida pública.
O outrora popular membro da família real por seu serviço ativo durante a Guerra das Malvinas, em 1982, contra a Argentina, parece estar reservado, atualmente, a responsabilidades privadas mais modestas.
Andrew e sua ex-esposa, Sarah Ferguson, com quem continua compartilhando uma casa próxima ao Castelo de Windsor, adotaram os amados cães corgi de Elizabeth 2ª, Muick e Sandy, depois da morte da soberana, disse sua porta-voz no fim de semana.