Presidente do Burundi morre após sofrer ataque cardíaco
Pierre Nkurunziza faleceu aos 55 anos nesta terça (9), conforme informou comunicado oficial do governo enviado para a imprensa
Internacional|Da EFE
O presidente de Burundi, Pierre Nkurunziza, que ontem (8) sofreu um ataque cardíaco, morreu aos 55 anos, conforme informou nesta terça-feira (9) o governo do país, em comunicado oficial enviado para a imprensa.
"O governo da República do Burundi anuncia com grande tristeza o falecimento inesperado de Vossa Excelência, Pierre Nkurunziza, presidente da República do Burundi, ocorrido no Hospital do Cinquentenário de Karusi, depois de um ataque cardíaco sofrido neste 8 de junho de 2020", diz o texto.
O político, que estava no poder faz 15 anos, foi hospitalizado no domingo (7) com mal-estar. Segundo a nota do Executivo, ele apresentou uma melhora, mas ontem à tarde (hora local), teve piora brusca, com a parada cardíaca.
Leia também
"A equipe médica não conseguiu recuperar o paciente, após diversas tentativas de reanimação", aponta o comunicado.
O governo declarou sete dias de luto oficial, a partir de hoje. A bandeira do Burundi será hasteada a meio mastro, em todos os edifícios públicos.
Nkurunziza deixaria a presidência em agosto, depois de não participar das eleições realizadas no mês passado, em que o candidato do governo, Évariste Ndayishimiye venceu.
O anúncio de que não concorreria foi feito em dezembro do ano passado, quando se concedeu o título de Guia Supremo do Patriotismo do Burundi.
Em 2015, Nkurunziza venceu eleições que o deram direito a um terceiro mandato, o que era proibido pela Constituição do país. A partir daí, uma onda de protestos foi combatida com violência pelas forças de segurança leais ao governo.
Segundo a ONU, centenas de pessoas morreram e houve meio milhão de refugiados por causa da repressão, até maio deste ano, quando houve uma tentativa de golpe de Estado.
Nkurunziza chegou ao poder do Burundi no fim da guerra civil que aconteceu de 1993 a 2005, quando hutus, que representam 85% da população e tutsis, entraram em confronto, provocando 300 mil mortes.
Veja também: Punhos fechados se multiplicam em protestos contra o racismo
A subdiretora da Human Rights Watch (HRW) para a África, Ida Sawyer, lembrou que o legado deixado pelo presidente morto perdurará enquanto os abusos que cometeu durante o período em que esteve no poder seguirem impunes.
"Há urgência que as vítimas saibam a verdade sobre os crimes cometidos durante sua presidência", garantiu.
Estátuas polêmicas viram alvos de ataques em protestos antirracistas