Quem é a suposta agente russa que está presa nos EUA
Documentos apresentados pela promotoria detalham como Mariia Butina agiu em Washington durante pelo menos dois anos, para se 'infiltrar' nos EUA
Internacional|Fábio Fleury, do R7
Mariia Butina. O nome, até então desconhecido, passou a dominar manchetes desde que ela foi presa em Washington, no último fim de semana. A russa é acusada de ter sido enviada para os EUA para se infiltrar em organizações de extrema-direita e agir sob ordens do Kremlin.
Na última quarta, um juiz federal decidiu que ela permanecerá detida até seu julgamento, por risco de fuga. Nos documentos que a acusação forneceu à Justiça para fundamentar o pedido de prisão, surgem detalhes que mostram como ela agia.
Linha de comunicação
Em uma mensagem privada entre Mariia e o presidente do banco central russo, Alexander Torshin, que é apontado como seu principal mentor, ela discute a necessidade de criar uma ligação direta entre o Kremlin e o governo da Rússia. A comunicação aconteceu em 2016, antes da eleição que foi vencida por Donald Trump.
"A sociedade norte-americana está dividida em relação à Rússia. Essa divisão de opiniões é crucial nessa corrida eleitoral. Os republicanos estão conosco, os democráticos contra, está 50/50. Nossos próximos movimentos serão muito importantes", diz a russa.
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Butina foi apresentada a diversos políticos do Partido Republicano e participou de diversos eventos da NRA (Associação Nacional dos Fabricantes de Rifles, na sigla em inglês) durante a corrida eleitoral. Ela chegou a fazer apresentações em algumas dessas ocasiões.
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Encontro com candidatos
Nos documentos, os promotores afirmam que ela se encontrou com um candidato do Partido Republicano em 2015 e que negociou com Torshin que ele comprasse passagens para outro membro do partido visitar Moscou.
Em outra mensagem, ela discute com um contato norte-americano a possibilidade de participar de eventos da NRA e do Partido Republicano e ele sugere que com uma verba de 125 mil dólares (cerca de R$ 470 mil), Butina poderia se consolidar como futura ligação entre as instituições e o governo russo.
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Depois da eleição de 2016, ela e um contato russo discutiram a possibilidade de fazer um evento em prol das relações com a Rússia, para o qual seriam convidadas lideranças republicanas do Congresso dos EUA.
'Paciência e sangue frio'
Em outro diálogo em mensagens privadas no Twitter, Torshin orienta Butina a ter 'paciência e sangue frio' para atingir seus objetivos. O conteúdo foi obtido pelo FBI.
"Não precisamos ganhar a luta de hoje (mesmo sendo nosso objetivo atual), mas vencer toda a guerra. Essa é uma batalhe pelo futuro, ela não pode ser perdida!", disse Torshin.
Butina respondeu que "movimentos súbitos e impetuosos podem arruinar tudo logo".
"Paciência, sangue frio e fé em si mesma. E tudo vai dar certo no final, com certeza", completou Torshin.