Quem são os desertores norte-coreanos que se tornaram estrelas de K-pop no Sul
Integrantes de grupos como 1VERSE e BE BOYS fugiram da Coreia do Norte e hoje tentam construir carreira musical internacional
Internacional|Do R7
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Um dos novos rostos do K-pop tem uma história bem diferente da maioria dos astros do gênero. Seok, integrante da boy band 1VERSE, nasceu na Coreia do Norte e fugiu do país ainda jovem, antes de se estabelecer na Coreia do Sul.
O grupo chamou atenção logo na estreia, em julho deste ano, não apenas pela música, mas pelo fato de ter dois integrantes vindos do Norte: Seok e Hyuk, que, hoje, já não integra mais o coletivo.
Os dois escaparam do regime de Kim Jong-un ainda na adolescência e encontraram na indústria do entretenimento uma nova forma de recomeçar a vida. Hoje, tentam trilhar o mesmo caminho de outras estrelas do pop coreano.
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Os dois artistas seguem na esteira de outro desertor norte-coreano, Hak-seong, que também debutou em uma banda de K-pop, o grupo BE BOYS, poucas semanas antes.
Apesar da curiosidade do público e da imprensa, as produtoras dos dois grupos têm tentado evitar explorar o tema, pedindo que os artistas sejam vistos apenas como cantores – não como “ídolos desertores”.
Estigma e visibilidade
Especialistas ouvidos pelo site especializado NK News afirmam que esse cuidado tem motivo. O rótulo de “desertor” costuma atrair atenção no início, mas também pode dificultar a carreira. Por um lado, chama a curiosidade do público; por outro, pode reduzir esses artistas a um símbolo político, em vez de valorizá-los como músicos.
A história de artistas norte-coreanos tentando fazer sucesso na Coreia do Sul não é nova. Ao longo dos anos, muitos deles se destacaram em estilos mais tradicionais, como o trot, um gênero popular entre o público mais velho.
Ryu Ji-won, por exemplo, mistura músicas tradicionais das duas Coreias. Outro nome conhecido é o de Kang Chun-hyok, rapper que ganhou notoriedade ao criticar Kim Jong-un em um programa de TV.
Em 2006, o grupo feminino Dallae Music Troupe foi o primeiro formado inteiramente por desertores. As integrantes chegaram a aparecer em programas e o projeto ganhou fama por unir estilos das duas Coreias. Mesmo assim, a banda acabou desfeita após alguns anos.
O produtor Park Sung-jin, que criou o grupo, disse ao NK News que o rótulo de “banda de desertores” acabou prejudicando a carreira das artistas. “Chama a atenção no começo, mas limita o futuro. O público passa a ver apenas o rótulo, não a arte”, contou.
Limitações globais
Além do estigma, há dificuldades políticas. O mesmo produtor contou ao site que foi alertado pelo serviço de inteligência sul-coreano para não levar o grupo à China, um dos principais mercados do K-pop, por causa da proximidade do governo chinês com a Coreia do Norte.
A advogada e desertora Lee Young-hyeon confirmou que, apesar de não haver impedimento legal, apresentações de artistas norte-coreanos na China poderiam gerar desconforto diplomático.
Nova geração de artistas
Novos grupos, como o 1VERSE e o BE BOYS, parecem tentar evitar esse tipo de problema. As agências falam pouco sobre o passado de seus integrantes e enfatizam que o foco deve ser a música.
Para o pesquisador Kim Eun-chul, da ONG The Round, “comercializar a identidade de desertor” pode reforçar estereótipos e afastar o público. Ele acredita que, com o tempo, esse rótulo deve perder força.
“Estamos no início de uma nova fase. Conforme mais artistas com esse histórico aparecem, o foco vai mudar: as pessoas vão se interessar mais pela música do que pela origem”, afirmou ao site.
O próprio Seok – o desertor que virou cantor no 1VERSE – contou ao NK News que não quer ser lembrado por sua fuga, mas por sua arte. “Quero ser reconhecido apenas como artista”, disse.
Apesar da discrição, há quem veja valor em destacar histórias como a dele. Ji Seong-ho, desertor e representante simbólico da província norte-coreana de Hamgyeong do Norte no governo sul-coreano, acredita que esses jovens podem se tornar pontes entre os dois países.
“Eles são pioneiros culturais. O sucesso deles pode ajudar a levar o K-pop à Coreia do Norte”, afirmou.
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