Refugiada na Inglaterra, família síria precisa fugir de bullying e ameaças
Após divulgação de vídeo em que o filho sofria bullying na escola, família síria passou a receber ameaças e precisou mudar de cidade na Inglaterra
Internacional|Fábio Fleury, do R7, com agências internacionais
Uma família de refugiados sírios precisou mudar de cidade na Inglaterra no início deste mês, depois que um vídeo mostrando um dos filhos sofrendo bullying de colegas de escola viralizou e se transformou em um escândalo nacional.
Em entrevista ao jornal The Guardian, o pai do adolescente contou que a família passou a receber ameaças sérias e por isso, precisou abandonar a cidade de Huddersfield, a 300km ao norte de Londres.
"Nós deixamos a Síria em busca de um novo futuro aqui, que estaríamos a salvo, mas não podíamos mais ficar em Huddersfield. Depois do vídeo fomos ameaçados, meus filhos foram ameaçados. Precisamos sair", disse o pai.
Leia mais: Vídeo mostra refugiado sírio sendo agredido pela GCM de São Paulo
A família deles deixou a Síria em 2016, fugindo da guerra, e passou meses em um campo de refugiados no Líbano. No fim daquele ano, eles chegaram à Inglaterra, por meio de um programa da ONU. Acharam que encontrariam a paz, mas esbarraram no preconceito.
Agressões em vídeo
Tudo começou em outubro do ano passado, quando o vídeo abaixo foi divulgado. As imagens mostram um aluno de 16 anos agredindo o adolescente sírio identificado como Jamal, de 15. O ataque aconteceu na escola Almondbury.
No registro, o agressor dá uma cabeçada em Jamal, que tem uma tala no braço esquerdo. O menino sírio é jogado ao chão e o outro adolescente então joga água em seu rosto. (veja imagens abaixo)
As imagens causaram revolta na Inglaterra. O adolescente que agrediu o refugiado ainda não foi ouvido pela polícia, mas a família continuou recebendo ameaças.
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"Todas as famílias sírias que foram colcoadas naquela área estão sofrendo. Elas não têm nenhum apoio e estão passando por problemas parecidos com os nossos. Tivemos quie partir e outros farão o mesmo", afirmou o pai.
Outra vítima
Mesmo dentro da família, Jamal não foi o único a sofrer bullying. A irmã dele, Farrah, de 14 anos, relatou que passou por situações muito parecidas com colegas de escola.
"Isso acontecia todo dia. Tiravam meu hijab o tempo todo, puxavam meu cabelo, me diziam coisas horríveis, com Jamal era o mesmo, e nada era feito. Fiquei muito triste e não sabia o que fazer", disse Farrah ao Guardian.
Por sua vez, Jamal afirmou que só quer seguir a vida na nova cidade e na futura escola.
"Não quero mais falar sobre isso. Quando aconteceu, ninguém nos deu atenção. Pedimos ajuda, mas ninguém nos escutou. Só quero poder ir para a escola de novo, fazer novos amigos e esquecer Huddersfield", lamentou.