Vídeo mostra refugiado sírio sendo agredido pela GCM de São Paulo
Homem foi vítima de um golpe mata-leão e xingado por um classe especial da guarda municipal. Prefeitura diz que guardas desocupavam área pública
São Paulo|Kaique Dalapola, do R7
Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o refugiado sírio Jadallah Al Ssabah sendo agredido por agentes da GCM (Guarda Civil Metropolitana de São Paulo). A filmagem foi publicada pela advogada Marina Tambelli, que defende o refugiado, às 22h46 de segunda-feira (16). Na tarde desta terça-feira (17), já havia 550 mil visualizações e superado 11 mil compartilhamentos.
O vídeo mostra o refugiado sofrendo um golpe conhecido como mata-leão e xingado pelo classe especial da GCM Paulo (conforme pode ser visto na imagem), que pela postura e cargo que ocupa na corporação possivelmente era o líder dos agentes na ação. Além da violência física, é possível notar o agente Paulo falando que "tem que prender ele, esse filho da p...".
Procurada pela reportagem, a Prefeitura de São Paulo disse que a ação da GCM foi para dar apoio aos agentes da Prefeitura Regional da Sé no cumprimento de uma desocupação de uma área pública. "A Corregedoria está à disposição para registrar eventuais queixas sobre a conduta dos guardas para apurar as circunstâncias em que ocorreu a abordagem", afirmou a prefeitura, em nota.
De acordo com a publicação da advogada, Jadallah está refugiado no Brasil há quatro anos e, desde que chegou, está juntando as economias de trabalhos para montar o próprio negócio. Há dois meses, o homem teria conseguido alugar um espaço comercial na Liberdade, centro paulistano, e começou a reformar o local para vender comidas árabes.
Ainda segundo a advogada, no dia da inauguração do restaurante, funcionários da Prefeitura de São Paulo foram até o local e teriam lacrado alguns equipamentos de cozinha. Marina afirma que a tentativa de diálogo do sírio com os funcionários da Prefeitura Regional da Sé terminou com as agressões dos GCMs que foram filmadas.
A Prefeitura de São Paulo afirma que foi até o local para retomar a posse do local "após constatação de não cumprimento do prazo de 15 dias para desocupação do imóvel". A nota ainda diz que um agente da prefeitura regional esteve no local no dia 26 de junho e intimou o refugiado a desocupar o local.
Marina diz que o sírio foi vítima de estelionato, já que teria adquirido uma propriedade da prefeitura de forma irregular. “O local estava abandonado havia mais de três anos, tanto é que foi alvo de um crime de estelionato, e a prefeitura, além de se beneficiar ilicitamente do crime sofrido pelo refugiado, ainda confiscou todos os seus equipamentos”, escreveu a advogada no Facebook.
"Todos os pertences foram lacrados e armazenados no depósito da Regional Sé. Para reaver os pertences, o responsável deve comparecer à Prefeitura Regional Sé", disse a nota da assessoria de imprensa da prefeitura paulistana.
Na noite de terça-feira, o prefeito regional da Sé, Eduardo Odloak, publicou um vídeo no Facebook dizendo que o refugiado havia sido notificado sobre a não permissão de usar o lugar. No vídeo, Odloak afirma que o local é um banheiro público e, após questionamentos nos comentários, completou que o espaço "estava fechado aguardando reforma". Veja o vídeo abaixo: