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Resíduos industriais deixam lagoa na Patagônia com a água rosa

Problema ambiental surgiu após a permissão concedida às empresas de pesca da região para despejar resíduos no local

Internacional|Do R7

Resíduo industrial deixa lagoa na Patagônia com a água rosa
Resíduo industrial deixa lagoa na Patagônia com a água rosa

Uma intensa cor rosa continuava manchando uma lagoa da Patagônia neste domingo (25) por efeito de produtos químicos de resíduos industriais despejados por empresas pesqueiras, fenômeno que disparou advertências de vizinhos e ambientalistas nesta região do sul da Argentina.

“Para nós é a imagem da negligência do governo provincial. Quem deveria controlar é quem autoriza o envenenamento de pessoas”, disse à AFP o ambientalista Pablo Lada, após constatar que a lagoa de Corfo, a 30 km de Trelew, a cidade de 120 mil habitantes onde reside, continua tingida de rosa.

As autoridades provinciais de Chubut, onde está localizada a lagoa, indicaram na semana passada que a cor rosa desapareceria em alguns dias.

A coloração se deve ao sulfito de sódio, conservante antibacteriano usado na preservação de camarões para exportação, que contamina as águas do rio Chubut e de cidades da região.


Vizinhos relataram odores desagradáveis e proliferação de insetos, entre outros danos ao meio ambiente.

Uma história que se repete

Não é a primeira vez que essa cor aparece na lagoa, histórico local de lançamento de águas residuais do parque industrial de Trelew, mas o problema se agravou nas últimas semanas em decorrência de um conflito ambiental na cidade vizinha de Rawson, capital da província de Chubut.


Fartos da poluição e de não serem ouvidos, os moradores de um bairro de baixa renda de Rawson conhecido como 'Área 12' bloquearam o caminho para os caminhões com resíduos da indústria pesqueira que cruzavam suas ruas todos os dias.

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“É assustador. Os líquidos eram despejados sem nenhum processamento em grandes piscinas construídas de forma precária pelas empresas pesqueiras. Eles se infiltram nas napas. São dezenas de caminhões por dia", denunciou Lada, integrante do Movimento Antinuclear de Chubut, ONG que faz parte da União das Assembleias das Comunidades de Chubut.


Impedidas de despejar seus efluentes em Rawson, as pesqueiras procuraram as autoridades provinciais, que lhes concederam autorização provisória para despejá-los na lagoa de Corfo, sob jurisdição de Trelew, o que gerou um conflito entre os dois distritos.

Essa lagoa, que ocupa uma área entre 10 e 15 hectares, nunca foi utilizada para fins turísticos ou de lazer. Está localizada no Parque Industrial de Trelew, cidade fundada no impulso da imigração galesa no século XIX.

“Fizemos acordo com uma empresa para despejar líquidos na lagoa do Corfo. A cor avermelhada não provoca danos e em poucos dias vai desaparecer”, afirmou na semana passada o chefe de Controle Ambiental do província, Juan Micheloud.

A responsável pelo transporte e tratamento das águas residuais é a empresa RASA (Rawson Ambiental), formada por um consórcio de companhias pesqueiras.

Em Chubut, a lei obriga as empresas a processar o pescado para exportação no mesmo território provincial, tornando-se um setor que gera milhares de empregos numa província há muito mergulhada numa crise económica e política.

Dezenas de empresas de capital estrangeiro atuam na área pescando em águas sob jurisdição argentina do oceano Atlântico.

“O processamento da pesca gera trabalho, muito trabalho, é verdade. Mas são empresas com lucros multimilionários que não querem pagar o frete para levar os efluentes a uma estação de tratamento que já existe em Puerto Madryn, a 60 quilômetros de distância, ou construir uma fábrica mais próxima para tratá-los", alertou Lada.

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