Retirada de tropas dos EUA da Síria ressuscitará Daesh, dizem curdos
Anúncio feito por Trump reverteu um pilar central da política dos Estados Unidos para o Oriente Médio e surpreendeu parlamentares e aliados
Internacional|Do R7
A decisão dos Estados Unidos de se retirarem da Síria permitirá ao Daesh (grupo extremista conhecido como Estado Islâmico) se reagrupar em um momento crucial do conflito, disseram os parceiros curdos dos EUA nesta quinta-feira (20), depois que aliados ocidentais expressaram preocupação com a medida súbita.
As FDS (Forças Democráticas da Síria), que têm apoio dos EUA, disseram que a decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, de retirar todas as tropas do país também deixaria os sírios "nas garras de partes hostis" que lutam por territórios na guerra de sete anos.
O anúncio feito por Trump na quarta-feira (19) reverteu um pilar central da política dos EUA para o Oriente Médio e surpreendeu parlamentares e aliados, que contestaram a reivindicação de vitória do presidente.
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As FDS, apoiadas por cerca de dois mil soldados dos EUA, estão nos estágios finais de uma campanha para recapturar áreas tomadas por militantes do Daesh.
No entanto, os curdos encaram a ameaça de uma incursão militar da Turquia, que os considera terroristas, e possíveis avanços de forças sírias apoiadas pela Rússia e o Irã comprometidas a restaurar o controle do presidente Bashar al-Assad sobre todo o país.
Depois de três anos lutando ao lado de forças dos EUA, as FDS disseram que a batalha contra o Daesh chegou a uma fase decisiva que exige mais apoio, e não uma retirada precipitada dos norte-americanos.
Aliados ocidentais, como França e Reino Unido, também descreveram o brado de vitória de Trump como prematuro.
Autoridades disseram que a França manterá seus soldados no norte da Síria por ora porque os militantes do Daesh não foram eliminados e representam uma ameaça a interesses franceses.
"Por ora é claro que vamos ficar na Síria, porque a luta contra o Daesh é essencial", disse a ministra de Assuntos Europeus, Nathalie Loiseau.
A França tem cerca de 1.100 tropas no Iraque e na Síria oferecendo logística, treinamento e apoio de artilharia pesada, além de caças.
Na Síria o país tem dezenas de forças especiais, conselheiros militares e alguns servidores do Ministério de Relações Exteriores.
Na quarta-feira o ministro da Defesa britânico disse discordar fortemente de Trump. "(O Estado Islâmico) assumiu outras formas de extremismo, e a ameaça ainda é muito grande", afirmou Tobias Ellwood em um tuíte.