Ricaço belga quer construir ‘país privado’ com sistema jurídico próprio no Caribe
Projeto multibilionário em Nevis gera temor de autonomia paralela e tensão política local
Internacional|Do R7
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Um bilionário belga do setor de criptomoedas planeja criar uma comunidade libertária com sistema jurídico próprio na ilha de Nevis, no Caribe.
A iniciativa é liderada por Olivier Janssens, investidor em bitcoin que possui cidadania belga e nevisiana, segundo o jornal Financial Times.
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O projeto, batizado de Destiny, prevê a compra de grandes áreas no sul da ilha por meio da empresa South Nevis Ltd. Segundo o governo local, os investimentos podem chegar a vários bilhões de dólares e representam o primeiro grande empreendimento autorizado por uma nova legislação aprovada no verão de 2025 em São Cristóvão e Nevis.
A lei criou as chamadas Zonas Especiais de Sustentabilidade, que permitem a desenvolvedores ampla autonomia para conduzir grandes projetos. Entre os dispositivos previstos está a possibilidade de estabelecer “serviços e mecanismos próprios de resolução de disputas”, o que abriu espaço para a proposta de um sistema judicial privado dentro do empreendimento.
O Destiny foi projetado pelo escritório americano Skidmore, Owings & Merrill, responsável por obras como o Burj Khalifa, em Dubai. O plano inclui vilas residenciais, clínicas médicas, hospitais, áreas verdes e piscinas, com uma grande transformação da costa sul de Nevis, ilha de 93 quilômetros quadrados e cerca de 13,2 mil habitantes.
Em apresentação virtual a moradores no fim de novembro, Janssens criticou o funcionamento do Judiciário local, que classificou como ineficiente. Ele afirmou que reproduzir o modelo existente não tornaria o projeto atrativo e sugeriu que o empreendimento poderia adotar tribunais próprios para determinadas questões, ainda que submetidos, em última instância, à legislação nacional.
As declarações e o escopo do projeto provocaram preocupação entre residentes e políticos da oposição, que temem a criação de um “Estado dentro do Estado”. Críticas também apontam riscos ao abastecimento de água e energia, além do deslocamento de moradores antigos em razão da compra de terrenos.
O deputado Kelvin Daly afirmou que a lei que viabilizou o projeto foi aprovada sem consulta pública. Segundo ele, o uso do termo “sustentável” mascara a criação de uma zona econômica especial com privilégios ampliados para investidores privados.
Janssens rejeita a ideia de autonomia plena e diz que o empreendimento permanecerá sob jurisdição do governo local e aberto à população da ilha. Ele afirma que sua motivação é a desconfiança em relação a políticos e descreve Nevis como uma “nação anfitriã” para a comunidade libertária.
O projeto também gerou controvérsia política porque a corretora imobiliária envolvida na compra das terras é Sharon Brantley, esposa do primeiro-ministro de Nevis, Mark Brantley. Ambos não comentaram as acusações de possível conflito de interesses. O investidor, por sua vez, declarou que pretende investir US$ 50 milhões em infraestrutura local caso o projeto seja aprovado.
A economia de Nevis depende fortemente do turismo e do mercado imobiliário, em um país cujo Produto Interno Bruto gira em torno de US$ 1,1 bilhão. Diante da escala inédita do empreendimento, o futuro do Destiny segue em negociação com o governo e sob intenso escrutínio da população local.
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