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Rússia tenta voltar à normalidade após rebelião do grupo Wagner, mas a incerteza permanece

Mercenários de Putin que lutam na Ucrânia se decidiram pelo fim do ataque a Moscou, mas a situação ainda é crítica

Internacional|Do R7

Soldados do grupo Wagner em movimentação durante rebelião contra Moscou
Soldados do grupo Wagner em movimentação durante rebelião contra Moscou

A Rússia suspendeu nesta segunda-feira (26) as medidas de segurança instauradas em Moscou durante a rebelião do grupo paramilitar Wagner, em uma tentativa de retomar a normalidade após uma crise sem precedentes que enfraqueceu a imagem do presidente Vladimir Putin.

A rebelião do grupo fundado por Yevgeny Prigozhin, um bilionário que já foi aliado de Putin, durou 24 horas e terminou no sábado (24) à noite com um acordo entre ele e o Kremlin, após a mediação do presidente de Belarus, Alexander Lukashenko.

Com o acordo, Prigozhin, comandante do grupo paramilitar, obteve garantias de imunidade para ele e seus combatentes em troca do fim da rebelião. O Kremlin anunciou que o empresário deve viver no exílio em Belarus.

As agências de notícias russas, no entanto, informaram nesta segunda-feira, com base em uma fonte da Procuradoria-Geral, que a investigação contra Prigozhin continua aberta.


As autoridades anunciaram o fim do "regime de operação antiterrorista" — que concede mais poderes às forças de segurança — na região de Moscou e em Voronezh, no sul da capital, onde as unidades do grupo Wagner entraram e houve registro de tiroteios.

A medida foi adotada diante da "ausência de ameaças para a vida" dos moradores, afirmou o prefeito de Moscou, Serguei Sobianin, que agradeceu pela "calma e compreensão" dos moscovitas.


Vladimir Putin não aparece em público desde o discurso exibido na televisão na manhã do sábado (24), no qual chamou a rebelião liderada por Prigozhin de "facada nas costas".

Também reina a incerteza sobre o paradeiro dos 25.000 homens que, segundo Prigozhin, o apoiaram em sua rebelião: eles estão em suas bases na Ucrânia ou estão na Rússia?


Apesar da aparente normalidade propagada pelas autoridades nesta segunda-feira, com a divulgação de imagens do ministro da Defesa, Serguei Shoigu, passando em revista as tropas russas na Ucrânia, a rápida aventura empreendida pelos insurgentes do grupo Wagner entre a noite de sexta-feira e a noite de sábado provocou grande comoção na Rússia.

Durante 24 horas, as forças de Prigozhin assumiram o controle de várias unidades militares na cidade estratégica de Rostov do Don, no sudoeste da Rússia, e avançaram 600 km na direção de Moscou, ao que parece sem grandes dificuldades.

Em Rostov, os combatentes paramilitares, inclusive, foram aplaudidos quando deixaram o quartel-general militar que haviam ocupado, a partir do qual são coordenadas as operações na Ucrânia.

RACHADURAS NO REGIME

Apesar de o golpe ter acabado de maneira tão repentina quanto começou, a crise representa o maior desafio que Vladimir Putin já enfrentou desde sua chegada ao poder, em 1999.

Para o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, a crise revela "verdadeiras rachaduras" na autoridade de Putin.

Yevgeny Prigozhin, líder do grupo Wagner, já foi um grande aliado de Putin
Yevgeny Prigozhin, líder do grupo Wagner, já foi um grande aliado de Putin

"O fato de que existe alguém de dentro questionando a autoridade de Putin e questionando diretamente por que ele iniciou a agressão contra a Ucrânia, isto, em si, é algo muito forte", disse Blinken ao canal CBS News no domingo (25).

Na mesma linha, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, declarou nesta segunda-feira que a rebelião dos paramilitares demonstra que a ofensiva na Ucrânia está "rachando o poder russo e afetando seu sistema político".

"Os acontecimentos do fim de semana são uma questão interna russa e uma nova demonstração do grande erro estratégico que o presidente Putin cometeu com a anexação ilegal da Crimeia e a guerra contra a Ucrânia", afirmou o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.

No início da rebelião, o fundador do grupo Wagner prometeu "libertar o povo russo", com críticas em particular a seus dois grandes inimigos: o ministro da Defesa Serguei Shoigu e o comandante do Estado-Mayor Valeri Guerasimov, acusados por Prigozhin de terem sacrificado milhares de combatentes na Ucrânia.

Guerasimov não aparece em público desde a explosão da crise. Shoigu apareceu em um vídeo exibido pela televisão russa que mostra uma visita do ministro às tropas do Kremlin na Ucrânia.

Nas imagens, Shoigu acompanha a apresentação de um relatório por um general, examina alguns mapas e observa posições russas durante um voo de helicóptero. Não foi possível confirmar a data da gravação com fontes independentes.

Na Ucrânia, vários analistas consideram que a crise na Rússia poderia enfraquecer as tropas de Moscou na frente de batalha e beneficiar os soldados de Kiev, envolvidos em uma difícil contraofensiva há algumas semanas.

Nesta segunda-feira, a vice-ministra ucraniana da Defesa, Ganna Maliar, anunciou que o Exército retomou 17 quilômetros quadrados das forças de Moscou, o que eleva o total de território recuperado a 130 km² desde o início de junho.

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