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‘Chernobyl voador’: saiba onde míssil nuclear russo Burevestnik foi testado

Arquipélago no Ártico tem população minúscula e temperatura gelada o ano inteiro

Internacional|Do R7

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • A Noruega confirmou que a Rússia lançou o míssil nuclear Burevestnik, conhecido como "Chernobyl voador", a partir do arquipélago de Novaya Zemlya.
  • O míssil é capaz de furar escudos de defesa e teve um voo de aproximadamente 14 mil quilômetros, permanecendo no ar por 15 horas.
  • Novaya Zemlya, com baixa densidade populacional e clima extremo, é um local histórico para testes nucleares da Rússia desde 1955.
  • O lançamento reacendeu preocupações estratégicas e levou a um debate sobre a prioridade da Rússia em relação à guerra na Ucrânia.

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Filmagem do Ministério da Defesa da Rússia mostra um míssil de cruzeiro nuclear Burevestnik decolando durante testes
Filmagem do Ministério da Defesa da Rússia mostra um míssil de cruzeiro nuclear Burevestnik decolando durante testes Ministério da Defesa da Rússia

A inteligência militar da Noruega confirmou que a Rússia lançou, na semana passada, o míssil de cruzeiro nuclear Burevestnik, também chamado de “Chernobyl voador” a partir do arquipélago de Novaya Zemlya, no Ártico.

Moscou havia anunciado no domingo (26) o “sucesso” do teste do Burevestnik — batizado pela Otan de SSC-X-9 Skyfall —, mas sem revelar o local de lançamento. O equipamento é descrito por autoridades russas como capaz de furar qualquer escudo de defesa, por usar uma unidade de propulsão com fonte de energia nuclear a bordo.


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Segundo relatório apresentado pelo chefe do Estado-Maior russo, Valeri Gerasimov, ao presidente Vladimir Putin em 21 de outubro, o protótipo teria voado cerca de 14 mil quilômetros e permanecido no ar por aproximadamente 15 horas. Não foi a primeira tentativa: pelo menos 15 lançamentos já foram feitos, com apenas dois avaliados por inteligência dos EUA como parcialmente bem-sucedidos. O teste anterior ocorreu em 2023.


O lançamento ocorreu em Novaya Zemlya, arquipélago entre os mares de Barents (a oeste) e de Kara (a leste), no Oceano Ártico. A região é um dos principais campos de provas nucleares da antiga União Soviética e da Rússia desde 1955 e ficou marcada pela explosão da Tsar Bomba, o mais potente artefato nuclear já detonado, em 30 de outubro de 1961.


Apesar da vasta área e da infraestrutura militar, Novaya Zemlya tem baixíssima densidade populacional. O centro administrativo é Belushya Guba, com cerca de 1.972 moradores, majoritariamente militares e trabalhadores da construção. O clima é do tipo tundra, com invernos muito longos, temperaturas frequentemente negativas e mar gelado durante boa parte do ano.

O principal ponto associado aos testes do Burevestnik no arquipélago é o campo de provas de Pan’kovo, na Ilha Yuzhny, a cerca de 170 km ao norte da Base Aérea de Rogachevo. O acesso de pessoal costuma ocorrer por helicópteros, e a logística depende de cais flutuante no verão. Cargas já foram levadas por embarcações como o cargueiro nuclear Sevmorput.

Em novembro de 2017, um lançamento do Burevestnik em Pan’kovo fracassou. Após dois minutos de voo e aproximadamente 35 km percorridos, o míssil caiu no Mar de Barents. Navios, incluindo um preparado para lidar com material radioativo, foram mobilizados para a recuperação de destroços. Imagens de satélite de 2018 mostraram um abrigo ambiental sobre trilhos típico das operações do sistema. Análises posteriores indicaram fechamento temporário do local e transferência de atividades para Nyonoksa, seguida de reconstrução e reorientação do conjunto entre 2018 e 2020. Novos registros de 2022 e de agosto de 2025 apontaram retomada de preparativos.

A ligação do programa ao acidente de Nyonoksa, em agosto de 2019, marcou um dos episódios mais graves do período recente. Após uma explosão em área de testes próxima a Severodvinsk, houve pico de radiação, relatos de tremor e fumaça, e sete especialistas morreram. O governo falou em explosão de motor de foguete com fonte radioisotópica. Pesquisadores independentes associaram o episódio ao Burevestnik, o que levou a uma pausa temporária nas operações.

O teste agora confirmado pela Noruega reacende a pauta estratégica. Enquanto o Kremlin divulga avanços em um míssil de cruzeiro de alcance global e propulsão nuclear, autoridades ocidentais acompanham sinais em campo, como a atividade em Pan’kovo, para avaliar a real maturidade do projeto. Em paralelo, o presidente dos EUA, Donald Trump, comentou que Putin deveria priorizar o fim da guerra na Ucrânia em vez de testar armamentos.

A geografia extrema de Novaya Zemlya também sofre o impacto do aquecimento global. Em 2019, a Rússia confirmou o aparecimento de cinco novas ilhas na baía de Vize, reveladas pelo recuo acelerado de geleiras. Na última década, registros de novos acidentes costeiros e a presença crescente de ursos polares em áreas habitadas ilustram como o ambiente ártico, já inóspito, está mudando rapidamente.

Com histórico nuclear, bases ativas, clima severo e populações diminutas, Novaya Zemlya reúne as condições logísticas e de isolamento que ajudam a explicar por que o teste do Burevestnik ocorreu ali.

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