Saiba quem é Sheikh Hasina, ex-premiê condenada à morte em Bangladesh
Figura central da política bengalesa enfrenta sentença extrema após décadas de protagonismo e acusações de abusos
Internacional|Do R7
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A ex-primeira-ministra de Bangladesh Sheikh Hasina Wazed foi condenada à morte acusada de crimes contra a humanidade pela repressão a manifestações estudantis entre julho e agosto de 2024.
A política, que vive exilada na Índia, rejeita as acusações e classifica o processo como uma “farsa” movida por adversários.
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Hasina governou Bangladesh por mais de 20 anos somando diferentes mandatos, incluindo um período ininterrupto de 15 anos entre 2009 e 2024. Sob seu comando, o país registrou forte crescimento econômico, triplicou a renda per capita e ergueu grandes obras de infraestrutura.
Esse legado positivo, porém, convive com denúncias persistentes de autoritarismo, perseguição política e violações de direitos humanos.
O estopim para sua derrocada veio após sua reeleição em janeiro de 2024, considerada uma eleição “encenada” pela oposição. Manifestações inicialmente voltadas ao fim das cotas no serviço público cresceram e se tornaram um movimento nacional contra o governo.
Segundo investigadores da ONU, até 1.400 pessoas morreram durante os protestos, a maioria baleada por forças de segurança. O episódio representa o período mais violento desde a independência do país, em 1971.
Hasina deixou Daca, capital de Bangladesh, em 5 de agosto de 2024, fugindo de helicóptero enquanto multidões invadiam sua residência oficial. Nesse mesmo dia, ao menos 52 manifestantes foram mortos pela polícia em um dos episódios mais sangrentos da crise. Dias depois, ela se instalou na Índia, onde permanece desde então.
O governo interino, liderado pelo Nobel da Paz Muhammad Yunus, tornou ilegal o partido político de Hasina, o Awami League, sob legislação antiterrorista.
Filha de herói da pátria
A trajetória da ex-premiê é marcada por tragédias familiares e ascensão política precoce. Nascida em 1947 em East Bengal, Hasina é filha de Sheikh Mujibur Rahman, líder da independência e primeiro presidente de Bangladesh.
Em 1975, um golpe militar assassinou seu pai e grande parte da família. Ela e sua irmã sobreviveram porque estavam fora do país. O exílio na Índia transformou-se em plataforma para sua entrada definitiva na vida pública.
De volta a Bangladesh em 1981, ela assumiu o comando do Awami League e tornou-se uma das líderes do movimento pró-democracia contra a ditadura do general Hussain Muhammad Ershad.
Nas décadas seguintes, sua rivalidade com Khaleda Zia, do Partido Nacionalista de Bangladesh, polarizou a política nacional. As duas governaram e se alternaram entre o poder e a oposição, vivendo atentados, prisões e sucessivas acusações de corrupção.
Hasina venceu sua primeira eleição nacional em 1996, quando firmou acordos importantes, como o tratado de compartilhamento de águas do rio Ganges com a Índia e o pacto de paz com insurgentes de Chittagong.
Após perder em 2001, voltou ao poder em 2009 com forte respaldo popular. A partir de então, acumulou quatro mandatos consecutivos, beneficiada por eleições boicotadas pela oposição e manchadas por denúncias de manipulação.
Sob seu governo, Bangladesh se transformou economicamente, mas ao custo de muita repressão contra opositores. Organizações de direitos humanos apontam centenas de desaparecimentos forçados e execuções extrajudiciais desde 2009. Jornalistas e ativistas relataram perseguições, vigilância e processos judiciais usados como forma de intimidação.
Queda durante crise
A crise final que derrubou Hasina ocorreu em um cenário de inflação alta, queda das reservas cambiais e aumento acelerado da dívida externa. Críticos afirmam que o avanço econômico beneficiou apenas aliados políticos e empresários ligados ao Awami League. O descontentamento cresceu até explodir nas manifestações de 2024, que colocaram fim ao ciclo histórico de seu governo.
Além da sentença por crimes contra a humanidade ligada à repressão dos protestos, Hasina responde a outro processo por desaparecimentos forçados durante seu último mandato. Ela e figuras-chave de seu governo ainda enfrentam acusações de corrupção em uma terceira instância judicial.
Do exílio, a ex-premiê reivindica eleições livres e a revogação da proibição ao Awami League como condições para retornar ao país.
Complexa e controversa, a trajetória de Hasina moldou o destino de Bangladesh por décadas. Filho do “Pai da Nação”, sobrevivente de golpes e atentados, símbolo pró-democracia transformado em líder acusada de autoritarismo, ela deixa um legado ambíguo. Para parte dos bengaleses, modernizou o país; para outros, comprometeu a liberdade e o pluralismo político.
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