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Saiba tudo sobre um possível confronto entre Israel e os terroristas do Hezbollah

Grupo libanês é considerado mais bem equipado que o Hamas, e tem apoio de países como Irã e Síria

Internacional|Vivian Yee, do The New York Times


As estimativas em relação a quantos mísseis o Hezbollah tem e o nível de sofisticação do armamento Diego Ibarra Sanchez/The New York Times - 17.05.2024

Há meses, vem crescendo o temor de que a guerra na Faixa de Gaza descambe para um conflito entre Israel e o grupo terrorista Hezbollah, milícia bem armada que tem uma ligação informal com o Hamas e se encontra logo depois da fronteira israelense com o Líbano.

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Os dois lados vêm trocando ataques desde o início da guerra no enclave, em outubro, matando civis e combatentes tanto em Israel como no Líbano, com o maior número de vítimas nesse último país. As hostilidades também forçaram mais de 150 mil pessoas de ambos os lados a sair de casa e ir para abrigos temporários, gerando uma pressão sobre o governo israelense para restabelecer a segurança da sua população da região, afastando os guerrilheiros dali.

Veja aqui a situação em que se encontra o Hezbollah, prestes a encarar um novo confronto, e por que ele pode ser evitado.

1. O que é o Hezbollah?

O Hezbollah foi criado nos anos 80, quando Israel, reagindo a ataques, invadiu e ocupou o sul do Líbano com a intenção de erradicar a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), cuja sede se encontrava ali.


Não demorou para que os israelenses percebessem que tinham um novo inimigo no movimento muçulmano xiita que fez da expulsão de Israel de terras libanesas seu principal objetivo, composto de guerrilheiros que logo aprenderam a driblar as forças inimigas, mesmo infinitamente mais bem equipadas.

Em 2000, os israelenses já tinham batido em retirada, o que garantiu aos olhos de muitos um status heroico ao Hezbollah – que voltou a lutar contra Israel novamente em 2006, lançando uma operação militar no território do vizinho do sul que levou a um contra-ataque brutal. Uma chuva de bombas cobriu não só o sul do Líbano como a capital, Beirute; como resultado, mais de mil libaneses mortos.


Apesar disso, o Exército israelense não conseguiu acabar com o Hezbollah durante os 34 dias de duração do conflito, permitindo que o grupo e seu líder, Hassan Nasrallah, despontassem como estrelas em um mundo árabe já acostumado a ser derrotado por Israel. Não demorou para se aliar ao Irã, com quem desenvolveu uma parceria estreita.

Embora mantenha a simpatia e a lealdade de muitos xiitas por causa dos serviços sociais e do poder político que lhes oferece – sem contar as táticas autoritárias que usa para achacar qualquer dissidência –, muitos libaneses veem o grupo como um obstáculo para o progresso, ameaçando arrastar o país o tempo todo para uma guerra indesejada.


2. Quais as consequências de um conflito mais amplo para o Líbano?

O Líbano não tem cacife para bancar um novo confronto com Israel, pois há anos vem penando com uma crise não só econômica, que empurrou boa parte da população para a pobreza, como política, com isso tirando dos cidadãos muitos serviços básicos. Segundo as autoridades locais, os ataques fronteiriços desalojaram cerca de cem mil civis, roubando-lhes a renda e a casa, e custando ao país bilhões de dólares com a perda do turismo e da renda gerada pela agricultura.

Para piorar, não pode contar com o mesmo nível de apoio internacional, já que a França, sua antiga força colonizadora, está às voltas com problemas políticos internos, como explica Emile Hokayem, especialista em segurança do Oriente Médio do Instituto Internacional para Estudos Estratégicos: “Outros países árabes e o Irã, que investiu na reconstrução libanesa depois de 2006, também não podem ou não querem ajudar. Já estava difícil há 18 anos, quando a situação econômica e a posição internacional do país estavam um pouco melhores; agora não há condição nenhuma de lidar com esse conflito.”

Muitos libaneses veem o grupo como um obstáculo para o progresso Diego Ibarra Sanchez/The New York Times - 24.05.2024

Mesmo o eleitorado xiita do sul, tradicionalmente fiel, já anda questionando o preço da disputa atual. Por isso, segundo os analistas, Nasrallah sabe que tem de ser muito cuidadoso. Ao mesmo tempo que diz que o Hezbollah não quer um conflito mais amplo, alerta seus homens para se prepararem, afirmando que Israel sofrerá sérias consequências se insistir em ir às vias de fato. “Se houver guerra, a resistência lutará sem reservas, regras ou limites”, disse ele em discurso de meados de junho.

3. Qual a força do Hezbollah?

Graças ao proselitismo e aos ataques calculados, o Hezbollah vem dando repetidas mostras de ter um arsenal robusto – que, segundo os analistas, tem capacidade de causar sérios danos às cidades israelenses. Além disso, suas forças ganharam experiência combatendo na Síria, para onde foram enviadas durante a guerra civil, como suporte do governo de Bashar Assad, seu forte aliado, e também do Irã. “Se Israel atacar o Líbano, as milícias apoiadas pelos iraquianos também podem se envolver”, afirma Hokayem.

Variam as estimativas em relação a quantos mísseis o grupo tem e o nível de sofisticação do armamento. O World Factbook, almanaque da CIA, diz que são mais de 150 mil mísseis e foguetes de vários tipos e níveis de alcance, e calcula um exército de 45 mil homens, embora Nasrallah afirme que são cem mil.

Tanto os especialistas quanto as autoridades israelenses afirmam que seu arsenal é consideravelmente mais perigoso que o do Hamas por causa dos mísseis teleguiados, com capacidade para atingir a infraestrutura essencial e o patrimônio militar de Israel.

O Hezbollah também já usou drones explosivos que podem driblar o Domo de Ferro, sistema de detecção e abate projetado para proteger o país de foguetes e mísseis – e parece contar com a versão antitanque, que voa muito rapidamente e muito baixo, evitando assim a interceptação.

No mesmo discurso de duas semanas atrás, Nasrallah disse que até então o Hezbollah tinha usado apenas uma pequena parte de seus equipamentos. “Se for necessário, continuaremos com os ataques de precisão a vários alvos. O inimigo sabe que deve esperar nossa presença em terra, no ar e no mar.”

c. 2024 The New York Times Company

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