Santiago e outras regiões do Chile não terão mais toque de recolher
Medida foi decretada pelos militares, que estão protegendo cidades da violência, por causa da normalização dos serviços, mesmo com protestos
Internacional|Da EFE
O Exército do Chile anunciou neste sábado (26) que não manterá o toque de recolher em Santiago, Coquimbo, La Serena e Concepción, depois de uma semana inteira de manifestações populares no país, em medida confirmada pelo presidente Sebastián Piñera.
A medida foi decretada, segundo as autoridades militares que estão responsáveis pela segurança nas respectivas regiões, por causa da crescente normalização dos serviços, embora os protestos sigam acontecendo.
A Chefia de Defesa Nacional (JDN, na sigla em espanhol), que está a cargo da região metropolitana, em que está a capital do país, apontou em comunicado que o funcionamento da cidade é considerado regular, o que permite acabar com o toque de recolher.
Após o anúncio da JDN da região metropolitana, aconteceram divulgações semelhantes em Coquimbo e La Serena, no norte, e Concepción, no sul.
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Os toques de recolher foram decretados pelo Exército nas regiões em que a tropa ficou responsável, por ordem do governo, para tentar acabar com os incidentes violentos que começaram após a realização dos primeiros protestos.
Depois de os militares divulgarem que não iriam mais utilizar a medida, o presidente do Chile, Sebastián Piñera, anunciou que suspenderia o toque de recolher a partir de 0h deste domingo, o que acabaria, inclusive, com a presença do Exército nas ruas.
Ontem, apesar de a manifestação ter sido marcada para as 17h, a imensa Praça Itália, ponto nevrálgico da maior onda de protestos da história democrática do Chile, já estava lotada cerca de uma hora antes. Por volta das 18h, a manifestação já reunia 1 milhão de pessoas, segundo números da prefeitura.
A multidão reivindicava a saída de Piñera devido à repressão e a supostas violações dos direitos humanos cometidas pelas forças de segurança contra os manifestantes em dias anteriores.
Além disso, o protesto critica o pacote de medidas proposto pelo presidente para atender às reivindicações de melhores aposentadorias e salários, de preços mais justos para contas de luz e gás e para o ensino universitário e os serviços públicos de saúde.
Esta onda de protestos, que tem saldo de 19 mortos em confrontos, além de pelo menos 600 feridos e 6 mil detidos, segundo o Ministério Público, ocorre poucas semanas antes de Santiago receber uma série de grandes eventos.
Em três semanas, a cidade deve sediar a cúpula de líderes do Fórum Econômico Ásia-Pacífico (Apec), onde se espera a possível chegada dos presidentes de Estados Unidos, Donald Trump; Rússia, Vladimir Putin; e China, Xi Jinping.
Em 23 de novembro, Santiago será palco da final da Taça Libertadores, entre Flamengo e River Plate, e em dezembro receberá a 25ª cúpula mundial do clima (COP25).