Síria acusa presidente da Turquia de mentir e não cumprir acordos
O presidente da Síria diz que a Turquia ameaçou atacar as tropas sírias no noroeste do país, em meio a um aumento na tensão nesta semana
Internacional|Da EFE
O governo sírio acusou nesta quarta-feira (5) o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, de mentir e não cumprir os acordos estabelecidos sobre a Síria ao ameaçar atacar as tropas sírias no noroeste do país, em meio a um aumento na tensão nesta semana.
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"As declarações do líder do regime turco reafirmam que ele mente, engana e desrespeita qualquer compromisso ou acordo, tanto o acordo de Astana como os acordos de Sochi e Adana", disse a agência oficial SANA, citando uma fonte oficial não identificada do Ministério das Relações Exteriores sírio.
Segundo a agência, "a Síria garante que o acordo de Adana impõe a cooperação com o governo sírio porque é considerado um acordo entre dois países. Portanto, Erdogan não pode agir individualmente de acordo com os artigos do acordo".
Esta declaração chega horas após Erdogan ameaçar atacar o Exército sírio caso as tropas não se retirem dos postos de observação turcos na província de Idlib, considerada o último reduto das facções rebeldes no noroeste da Síria.
"Dois dos nossos 12 pontos de observação estão atrás da linha do Exército sírio. Se o regime não se retirar em fevereiro, a Turquia será forçada a agir por conta própria", advertiu o governante turco em um discurso em Ancara transmitido pela emissora "NTV".
Acordos
O Acordo de Adana, de 1998, que é uma base jurídica vigente, prevê que as tropas turcas possam entrar até um máximo de cinco quilômetros no território sírio e foi assinado para conter as atividades do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), considerado uma organização terrorista pela Turquia.
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Na segunda-feira (3), a tensão aumentou por causa de um ataque do Exército sírio em Idlib que matou oito turcos, incluindo cinco soldados. A Turquia respondeu com um ataque contra as forças de Damasco, matando dezenas de pessoas.
A Rússia, que apoia militarmente o regime Bashar al Assad, embora tenha boas relações com o governo turco, acusou ontem a Turquia de não cumprir os acordos de Sochi (selados entre Rússia e Turquia em 2018) ao apoiar as milícias rebeldes sírias que combatem em Idlib, as quais Moscou considera grupos terroristas.
Como parte do acordo de 2018, ambos os países instalaram postos de observação para reduzir a tensão em uma zona desmilitarizada que rodeia Idlib e alcança Hama, Aleppo e Latakia, embora tal pacto tenha sido violado praticamente todos os dias.