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Sob o olhar do Talibã, 8 de março se torna silencioso para as afegãs

Grupo extremista reduziu direitos feministas e deteve ativistas desde que assumiu o poder em agosto do ano passado

Internacional|Do R7


Menina sentada em meio a uma multidão de afegãs, em Cabul
Menina sentada em meio a uma multidão de afegãs, em Cabul

As afegãs celebram o Dia Internacional da Mulher nesta terça-feira (8) sob o olhar ameaçador do Talibã, que deteve e silenciou ativistas desde que reassumiu o poder, em agosto.

O grupo extremista reduziu os ganhos para as mulheres em duas décadas, impedindo-as de ocupar cargos públicos, de viajar sozinhas e ordenando que se vestissem de acordo com uma interpretação estrita do Alcorão.

"Tanto o céu quanto o chão nos foram tirados", disse uma ativista do Grupo de Unidade e Solidariedade das Mulheres, que pediu para não ser identificada.

Embora os talibãs tenham prometido uma versão mais branda do duro regime islâmico que caracterizou sua primeira passagem pelo poder, entre 1996 e 2001, eles gradualmente introduziram restrições, se não em nível nacional, então em nível local, por vontade de autoridades regionais.

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"Se você se preocupa com os direitos das mulheres, em qualquer lugar do mundo, deve observar o Afeganistão com profundo alarme", disse Heather Barr, da Human Rights Watch.

"Foi chocante ver a rapidez com que os ganhos dos últimos 20 anos regrediram e quão pouco a comunidade internacional fez para defender as afegãs", disse ela à AFP na terça-feira.

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Inicialmente, algumas mulheres se opuseram às restrições do Talibã, realizando pequenos comícios e protestos e exigindo o direito à educação e ao trabalho.

Mas o Talibã logo se cansou e prendeu vários ativistas, mantendo-os incomunicáveis, mas negando que tivessem sido detidos.

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Desde sua libertação, a maioria permaneceu em silêncio, embora o Talibã tenha distribuído vídeos de algumas mulheres confessando que foram incentivadas a protestar por ativistas no exterior e que isso as ajudaria a obter asilo.

Várias ONGs disseram que as supostas confissões foram forçadas, chamando-as de "vídeos de reféns".

O Talibã pelo menos reconheceu o Dia Internacional da Mulher, com o Ministério das Relações Exteriores chamando-o de "próspero". Afirmou que proporcionaria às mulheres "uma vida honrosa e benéfica à luz da nobre religião do Islã e de nossas tradições estabelecidas".

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Protestos proibidos

Zabihullah Mujahid, o principal porta-voz do Talibã, tuitou que o dia foi "uma grande oportunidade para nossas mulheres reivindicarem seus direitos legítimos", embora os protestos sejam proibidos, a menos que a permissão seja concedida.

Pouco depois de tomar o poder, o novo governo aboliu o Ministério de Assuntos da Mulher, substituindo-o por sua temida polícia religiosa, o Ministério para a Promoção da Virtude e Prevenção do Vício.

Atrás dos muros do amplo complexo das Nações Unidas nos arredores de Cabul, uma exposição organizada conjuntamente pela ONU e pela Câmara de Comércio e Indústria das Mulheres Afegãs exibiu produtos feitos por empresas locais de propriedade de mulheres.

"É uma esperança e algo positivo", disse Tayeba Mashal, 47, proprietária de uma empresa que leva seu nome. “Esperamos que as mulheres que se escondem em casa por medo da insegurança se reergam na sociedade, voltem ao trabalho e retomem suas atividades.”

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