Suposta ex-amante do rei da Espanha prestará depoimento
Juan Carlos I estaria envolvido no recebimento de propina para a licitação de um trem de alta velocidade entre Medina e Meca, na Arábia Saudita
Internacional|Da EFE
Um juiz espanhol adiou para 28 de setembro o depoimento da empresária alemã Corinna Larsen, suposta ex-amante do rei Juan Carlos I da Espanha, como parte da investigação das gravações em que ela supostamente fala sobre contas bancárias do ex-chefe de Estado na Suíça.
O magistrado Manuel García Castellón, da Audiencia Nacional, havia convocado Larsen para o dia 8 do mesmo mês para esclarecer um possível pedido feito ao ex-comissário de polícia espanhol José Villarejo para obter informações sobre uma pessoa de nacionalidade espanhola, de acordo com as conversas gravadas.
Larsen negou ter contratado ou falado sobre os serviços de Villarejo e garantiu não ter pagado "quantia nenhuma".
Embora Larsen tenha sido convocada para uma audiência presencial, o juiz deixou aberta a possibilidade de o procedimento ser feito virtualmente na Embaixada da Espanha em Londres, onde a empresária reside, devido à pandemia de covid-19.
A empresária tinha solicitado o adiamento da audiência e a mudança do formato, mas o juiz só aceitou o primeiro pedido, para que a defesa tenha condições de estudar o processo.
Caso reaberto
O juiz espanhol reabriu este processo - aberto em 2018 - em 27 de julho e acusou Larsen, Villarejo e outros, também chamados a depor. Villarejo cumpre atualmente prisão provisória como suspeito de envolvimento em vários casos de corrupção.
García Castellón explicou que recebeu os relatórios policiais com análises sobre os arquivos áudio de Larsen encontrados nos domicílios de Villarejo e de seu sócio, além do pedido de cooperação judicial enviado pelo Ministério Público suíço, que pediu uma colaboração devido à ligação entre as investigações.
Em uma das conversas entre Villarejo e Larsen, ela explica as preocupações sentidas a respeito de uma assistente pessoal espanhola que poderia estar vazando informações sobre a sua vida privada.
Villarejo, depois de recomendar que verificasse as chamadas e mensagens para ver com quem estava falando, vendeu seus serviços a Larsen e explicou que tinha os melhores especialistas do mundo para obter informações sobre tal pessoa.
Neste sentido, o juiz espanhol considera que é necessário verificar se a ordem foi concretizada e se foi paga alguma quantia, o que poderia constituir um crime de suborno ativo e passivo.
Além desta nova investigação na Audiencia Nacional, o Ministério Público abriu uma investigação sobre a suposta cobrança de propina a um consórcio espanhol, em 2011, para a licitação de um trem de alta velocidade entre Medina e Meca, na Arábia Saudita.
Na Suíça, o procurador Yves Bertossa investiga uma conta de uma fundação panamenha, supostamente ligada ao rei emérito espanhol, na qual foram depositados 65 milhões de euros que depois foram transferidos para outra, aparentemente de Corinna Larsen.
No dia 3 de agosto foi anunciado que Juan Carlos I havia expressado ao filho, o rei Felipe VI, a decisão de se mudar da Espanha em meio à repercussão de "certos acontecimentos passados" de sua vida pessoal. No mesmo dia, o rei emérito chegou aos Emirados Árabes, informou a Casa Real.