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Taiwan anuncia medidas para combater infiltração e espionagem da China

Presidente Lai propõe revisão de leis e retorno de julgamentos militares para conter ações de Pequim, que incluem desinformação, suborno de militares e guerra psicológica

Internacional|Do R7


O presidente de Taiwan, Lai Ching-te, anunciou nesta quinta-feira (13) um pacote de medidas mais rígidas para enfrentar o que classificou como uma crescente onda de infiltração, espionagem e guerra psicológica promovida pela China, segundo a agência de notícias AP.

Em uma entrevista coletiva, Lai destacou a necessidade de fortalecer as defesas legais da ilha contra os esforços de Pequim para subverter a segurança nacional da ilha, atrair militares e impactar a confiança da população taiwanesa. “Não temos escolha a não ser tomar ações mais proativas”, disse.


Lai citou três incidentes recentes que ilustram táticas chinesas em “zona cinzenta” -- ações que não chegam a um conflito armado aberto, mas buscam desestabilizar Taiwan. Um deles é a expulsão de uma cidadã chinesa, casada com um taiwanês, que usava redes sociais para elogiar líderes de Pequim e afirmar que a China conquistaria a ilha em meia hora.

A mulher, que tinha títulos oficiais chineses, foi deportada por violar leis locais que proíbem ajudar ou instigar o inimigo. Ela poderá pedir residência novamente em cinco anos, de acordo com a AP.


Outro caso envolve artistas e influenciadores taiwaneses na China que republicaram declarações da mídia estatal chinesa reivindicando soberania sobre Taiwan. Já o terceiro episódio é de militares aposentados que vazaram informações sobre sistemas de armas da ilha e tentaram recrutar colegas em atividade como espiões.

“Esses esforços de Pequim para subverter, obter segredos e influenciar a opinião pública exigem que intensifiquemos nossas salvaguardas”, disse Lai.


A relação entre Taiwan e China é hostil desde a separação dos dois territórios, em 1949, após a guerra civil.

O Partido Democrático Progressista (DPP), liderado por Lai, defende a independência da ilha, uma posição que levou Pequim a cortar quase todo contato oficial com o governo taiwanês desde a eleição de Tsai Ing-wen, antecessora de Lai, há oito anos.


Aumento de processos por espionagem

Dados da agência AFP mostram que o número de pessoas processadas por espionagem a favor da China disparou nos últimos anos. Em 2024, 64 casos foram registrados pela agência de inteligência de Taiwan, contra 48 em 2023 e apenas 10 em 2022.

Militares, tanto aposentados quanto em serviço, têm sido os principais alvos da infiltração chinesa, segundo o Departamento de Segurança Nacional da ilha.

A China, que considera Taiwan parte de seu território e já ameaçou usar força para anexá-la, intensificou táticas de “zona cinzenta”, como ataques cibernéticos, desinformação e pressão militar com navios e aviões próximos à ilha.

Para Lai, a resposta passa por uma revisão legislativa, incluindo o retorno de julgamentos militares para casos de traição, vazamento de informações e outros crimes cometidos por militares em tempos de paz. “Os juízes militares voltarão à linha de frente”, disse, segundo a AFP.

Polêmica sobre julgamentos militares

A proposta de Lai, no entanto, enfrenta resistência. Taiwan dissolveu o sistema judicial militar em 2013, após a morte do cabo Hung Chung-chiu, vítima de insolação durante o serviço militar obrigatório, o que gerou protestos e críticas à falta de transparência e independência nos tribunais militares.

Hung Tzu-yung, ex-parlamentar e irmã do recruta morto, disse à AFP que o Código de Julgamento Militar foi revisado para acabar com a “influência nociva dos julgamentos da era autoritária”.

As mudanças propostas por Lai ainda precisam ser aprovadas pelo Parlamento, atualmente controlado pela oposição. Preocupações sobre a independência judicial e a transparência do processo também foram levantadas pelo Museu Nacional de Direitos Humanos do país.

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