Logo R7.com
Logo do PlayPlus

Primeiro-ministro da China reforça discurso de ‘reunificação’ com Taiwan

Em relatório anual, Li Qiang também promete trabalhar com taiwaneses enquanto Pequim intensifica pressão militar e econômica

Internacional|Do R7

Primeiro-ministro chinês, Li Qiang, discursa durante Congresso Nacional do Povo nesta quarta-feira (5) Divulgação/Xinhua

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, abriu o Congresso Nacional do Povo nesta quarta-feira (5) com um discurso em que reafirmou a determinação da China em buscar a “reunificação” com Taiwan, ao mesmo tempo em que se opõe à interferência externa na questão.

No relatório anual entregue ao parlamento, Li destacou que Pequim “avançará firmemente” na “causa da reunificação” e trabalhará com os “companheiros chineses em Taiwan” para concretizar o “rejuvenescimento da nação chinesa”. As informações foram divulgadas pela agência Reuters.

Leia mais

A China, que reivindica Taiwan como parte de seu território apesar das objeções do governo democraticamente eleito em Taipei, intensificou nos últimos anos a pressão militar sobre a ilha.

Isso inclui grandes exercícios de guerra e, mais recentemente, a criação de uma zona de “treinamento com fogo real” a cerca de 74 quilômetros da costa sudoeste de Taiwan, próxima às cidades de Kaohsiung e Pingtung, conforme reportado na semana passada pelo Ministério da Defesa taiwanês. O governo de Taiwan classificou a medida como uma “provocação flagrante” à segurança regional.


“Promoveremos firmemente a causa da reunificação da China e trabalharemos com nossos companheiros chineses em Taiwan para concretizar a causa gloriosa do rejuvenescimento da nação chinesa”, escreveu Li no relatório, segundo a Reuters.

Diferentemente do ano passado, quando o termo “pacífico” foi retirado do discurso sobre a reunificação, o tom deste ano sinaliza uma abordagem mais colaborativa com os taiwaneses, embora Pequim reitere sua oposição resoluta a atividades separatistas.


Aumento militar e tensões regionais

Os comentários de Li coincidiram com um relatório do Ministério da Defesa de Taiwan, que detectou, até as 6h desta quarta-feira (horário local), cinco missões de aeronaves do Exército de Libertação Popular (PLA), sete embarcações da Marinha (PLAN) e três navios oficiais operando em águas taiwanesas. A presença militar chinesa tem sido constante, e Pequim nunca descartou o uso da força para anexar a ilha.

Em meio a esse cenário, a China anunciou em um documento oficial visto pela agência de notícias AFP um aumento de 7,2% em seus gastos com defesa para 2025, mantendo o mesmo patamar do ano anterior.


O incremento reflete a modernização acelerada das forças armadas chinesas e ocorre em um momento de competição estratégica com os Estados Unidos, que, sob o governo de Donald Trump, intensifica pressões comerciais, como tarifas, contra Pequim.

Na esfera econômica, Li Qiang revelou uma meta de crescimento de “cerca de 5%” para 2025, similar à do ano passado, apesar de desafios como a crise no setor imobiliário, baixa demanda interna e desemprego jovem. O governo prometeu criar 12 milhões de empregos urbanos e manter a inflação em 2%.

Provocações e resposta de Taiwan

As tensões não se limitam ao discurso ou à presença militar. Na última semana, o Ministério da Defesa de Taiwan condenou a zona de treinamento chinesa perto de sua costa, enquanto a Guarda Costeira taiwanesa deteve, na terça-feira (25), o navio de carga “Hong Tai”, registrado no Togo, suspeito de danificar um cabo submarino de internet que liga a ilha principal às ilhas Penghu. O incidente levantou temores de uma operação de “zona cinzenta” — ações hostis que não configuram guerra aberta.

Navio ligado à China é detido em Taiwan sob suspeita de sabotar cabo submarino Divulgação/Guarda Costeira de Taiwan

O presidente taiwanês, Lai Ching-te, rejeitado por Pequim como “separatista”, insiste que apenas o povo de Taiwan pode decidir seu futuro e tem oferecido diálogos, sem sucesso. Já um alto funcionário de Taiwan, segundo a Reuters, avaliou que o tom de Pequim não mudou significativamente, sugerindo que a prioridade chinesa segue sendo a economia e as relações com os EUA.

Março marca o 20º aniversário da lei “antissecessão” da China, que autoriza o uso da força contra Taiwan em caso de separatismo ou esgotamento das chances de reunificação pacífica, embora sem detalhes específicos.

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.