Um tribunal distrital de Taipei, em Taiwan, condenou na quarta-feira (26) quatro soldados do país a penas que variam entre cinco e sete anos de prisão por espionagem a favor da China, segundo o jornal britânico The Guardian.Dos condenados, três são ex-integrantes da equipe de segurança do Gabinete Presidencial e o outro era oficial do comando de informação e telecomunicações do Ministério da Defesa. Eles violaram a lei de segurança nacional ao repassar dados militares confidenciais a agentes de inteligência da China entre 2022 e 2024.Segundo o tribunal, os soldados utilizaram celulares para fotografar informações sensíveis e receberam, pelas fotografias, pagamentos que variaram entre US$ 7.800 e US$ 20 mil (entre R$ 45,5 mil e R$ 116 mil, aproximadamente).Os réus atuavam em “unidades extremamente sensíveis e importantes”, mas, segundo os promotores, cederam à corrupção ao aceitar subornos em troca de segredos militares. “Seus atos traíram o país e colocaram em risco a segurança nacional”, disse o tribunal em comunicado. A investigação teve início em agosto do ano passado, após uma denúncia ao Ministério da Defesa. Três dos acusados já haviam sido dispensados do exército antes do início das apurações. Os detalhes específicos das informações vazadas não foram revelados.Dados da agência de inteligência de Taiwan, citados pelo The Guardian, mostram um salto no número de processos por espionagem nos últimos anos. Foram 64 no ano passado, bem mais que os 48 registrados em 2023 e os 10 de 2022. Muitos dos acusados são militares ativos ou aposentados, alvos frequentes de recrutamento por Pequim. Em 2017, o governo taiwanês estimou que mais de 5.000 espiões chineses operavam na ilha.Taiwan vive sob constante ameaça de invasão chinesa. Pequim, que considera a ilha uma província rebelde, intensificou campanhas de pressão, incluindo intimidação militar, guerra cibernética e desinformação. O presidente taiwanês Lai Ching-te, que assumiu o cargo em maio do ano passado, classificou a China como uma “potência estrangeira hostil” e anunciou neste mês medidas para conter a espionagem. Entre as propostas, há um plano para restabelecer tribunais militares para julgar casos envolvendo pessoal das Forças Armadas, uma iniciativa revelada no início deste mês de março. Na semana passada, o governo também divulgou aumentos nos salários-base dos militares, numa tentativa de melhorar as condições de serviço e reduzir a vulnerabilidade a incentivos financeiros oferecidos por agentes chineses.