Talibã faz ameaça se prazo para retirada de tropas não for cumprido
EUA e Reino Unido cogitam ampliar data-limite após dias seguidos de tumultos e confrontos nos arredores do aeroporto de Cabul
Internacional|Pablo Marques, do R7
O Talibã diz que "haverá consequências" se os Estados Unidos ou o Reino Unido ampliarem o prazo para a retirada das tropas do Afeganistão. A fala em tom de ameaça foi feita durante uma entrevista do porta-voz do grupo extremista, Suhail Shaheen, para a emissora britânica Sky News nesta segunda-feira (23).
"Se Estados Unidos, ou Reino Unido, solicitarem mais tempo para continuar com a retirada das tropas, a resposta é não. Ou haverá consequências", disse o porta-voz.
Segundo Shaheen, se os soldados estrangeiros não deixarem o país até 31 de agosto, como foi anunciado por Joe Biden anteriormente, vai criar uma "desconfiança". Ele afirma que essa atitude será entendida como uma tentativa de continuar com a ocupação.
O presidente norte-americano cogita estender esse prazo após dias seguidos de confrontos e tumultos nos arredores do aeroporto de Cabul. Mais de 30 mil norte-americanos foram retirados do território afegão na última semana.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, deve pedir na reunião do G7, nesta terça-feira (24), que uma nova data-limite seja determinada para concluir a retirada das tropas.
O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, disse ser "impossível" retirar todas as pessoas até o fim de agosto.
Estrangeiros e afegãos tentam fugir do país desde que o Talibã assumiu o controle da capital do Afeganistão em 15 de agosto. Nesta segunda-feira (23), um guarda afegão morreu e outros três ficaram feridos em um tiroteio próximo ao aeroporto.
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Mesmo que diversos registros de pessoas desesperadas tentando embarcar em aviões militares, o porta-voz do Talibã disse que não é uma fuga, mas uma migração por questões econômicas.
"Eles querem morar em países ocidentais e isso é uma espécie de migração econômica porque o Afeganistão é um país pobre e 70% do povo do Afeganistão vive abaixo da linha da pobreza. Não se trata de estarem assustados", afirmou.
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