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Talibã proíbe mulheres afegãs de usarem pílula anticoncepcional

Líderes do grupo extremista acreditam que o medicamento seja uma forma de o Ocidente evitar que crianças muçulmanas nasçam

Internacional|Larissa Crippa*, do R7

Talibã impõe proibição de contraceptivos nas duas principais cidades do Afeganistão
Talibã impõe proibição de contraceptivos nas duas principais cidades do Afeganistão Talibã impõe proibição de contraceptivos nas duas principais cidades do Afeganistão

O Talibã, organização extremista do Afeganistão, está interceptando a comercialização de produtos anticoncepcionais femininos com a justificativa de que remédios do tipo são táticas ocidentais para evitar o nascimento de crianças muçulmanas.

A organização tem passado por farmácias, casas e parteiras para ordenar o descarte dos contraceptivos. A proibição está acontecendo em duas das principais cidades afegãs: Cabul e Mazar-i-Sharif. 

“Eles vieram duas vezes à minha loja com armas e me ameaçaram pedindo para eu não vender pílulas anticoncepcionais. Eles verificam regularmente todas as farmácias em Cabul e paramos de vender os produtos”, disse um lojista da cidade ao The Guardian. 

Uma parteira tradicional, que preferiu permanecer anônima, também contou ao jornal que foi ameaçada diversas vezes. “Você não tem permissão para sair e promover o conceito ocidental de controle da população, isso é um trabalho desnecessário”, disseram a ela. 

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Esse é o ataque mais recente de uma série de ofensivas contra o direito das mulheres do país. Até agora, o grupo terrorista já acabou com o ensino superior para garotas, proibiu o estudo e o trabalho para as jovens e restringiu a liberdade de sair de casa.

Porém, a medida relativa aos contraceptivos vai refletir de forma mais incisiva no povo afegão. O sistema de saúde já é fragilizado no país, mas quando se trata de natalidade, a situação fica crítica.

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Uma em cada 14 mulheres do país morre de causas relacionadas à gravidez e o Afeganistão é um dos países mais perigosos do mundo para dar à luz.

Além disso, um relatório de 2021 da Human Rights Watch disse que informações básicas sobre saúde materna e planejamento familiar não estão disponíveis para a maioria das mulheres afegãs. Situação alarmante antes mesmo de o Talibã chegar ao poder.

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Shabnam Nasimi, ativista social nascida no Afeganistão, residente no Reino Unido, disse: “O controle do Talibã, não apenas sobre o direito das mulheres de trabalhar e estudar, mas agora também sobre seus corpos, é ultrajante."

Assim como Nasimi, ativistas pelo mundo se revoltaram e têm pedido ao Talibã que cumpra os acordos internacionais que estabelecem o acesso universal aos cuidados de saúde sexual e reprodutiva.

“O acesso à contracepção e o direito ao planejamento familiar não são apenas uma questão de direitos humanos; também são fundamentais para o empoderamento das mulheres e para tirar um país da pobreza”, explica Nasimi.

Além disso, a ativista explica que o Alcorão não condena mulheres que seguem planejamento familiar.

“Está bem estabelecido que o Alcorão não proíbe o uso de contracepção, nem proíbe os casais de terem controle sobre a gravidez ou o número de filhos que deseja ter. O Talibã não tem o direito de restringir o acesso à contracepção com base em sua própria interpretação do Islã”, ressalta. 

*Estagiária do R7, sob supervisão de Pablo Marques 

Relembre a derrota dos EUA e a ascensão do Talibã no Afeganistão

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