Talibãs do Paquistão se recusam a renovar acordo de cessar-fogo
Mesmo após a libertação de cerca de cem membros, grupo afirma que governo descumpriu parte do que havia combinado
Internacional|Do R7
O Talibã paquistanês anunciou que não renovará o cessar-fogo de um mês que terminou nesta quinta-feira (9), surpreendendo Islamabad, que esperava a extensão da trégua.
O Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP), diferentemente do Talibã afegão mas inspirado na mesma ideologia, realizou inúmeros ataques sangrentos no país desde seu início, em 2007.
Enfraquecido pelas intensas operações do Exército, o grupo recuperou suas forças no último ano, obrigando Islamabad a entrar em negociações pela primeira vez desde 2014, com a mediação de seus pares afegãos.
Em um comunicado transmitido na noite de quinta-feira, o TTP acusou o governo do Paquistão de violar os termos do cessar-fogo ao deixar de libertar alguns de seus combatentes e assassinar outros.
"Agora, cabe ao povo paquistanês decidir quem não respeita o acordo, o Tehreek-e-Taliban ou o Exército paquistanês", disse o TTP em um comunicado.
“Não é possível, nas atuais circunstâncias, prorrogar o cessar-fogo”, acrescentou.
Acordo quebrado
Dois funcionários paquistaneses — um do governo e um de segurança — e um comandante do TTP, sob anonimato, afirmaram à AFP que ambas as partes concordaram em retomar a trégua e que as autoridades paquistanesas libertaram mais de cem membros do TTP como demonstração de confiança.
"Os membros de nossa equipe de negociação receberam garantias de que o cessar-fogo seria prorrogado. Portanto, ficamos surpresos com a declaração do TTP", disse o funcionário do governo à AFP.
“A maior parte dos nossos negociadores queria estender o cessar-fogo e continuar as negociações para a libertação dos combatentes do TTP, mas alguns dirigentes do grupo puseram fim à trégua”, explicou o membro do TTP.
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Criado em regiões tribais no noroeste do Paquistão, na fronteira com o Afeganistão, o TTP matou dezenas de milhares de civis paquistaneses e muitos membros das forças de segurança em menos de uma década.
Uma grande operação militar do Exército paquistanês em 2014 o expulsou da área.
O grupo foi enfraquecido por ataques de drones americanos e divisões internas devido a alianças com o Estado Islâmico (EI), mas recuperou sua força em 2020 sob uma nova liderança que uniu dez facções dissidentes.