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Tarifaço de Trump impulsiona cofres dos EUA; mas quem paga a conta?

Consumidores e empresas americanas arcam com maior parte do ônus da sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros

Internacional|Do R7, em Brasília

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RESUMO DA NOTÍCIA

  • A tarifa imposta por Trump gerou uma arrecadação recorde de mais de US$ 108 bilhões, mas tem impacto financeiro sobre os consumidores e empresas dos EUA.
  • Mais de 90% dos custos das tarifas são suportados por importadores e empresas americanas, resultando em um imposto indireto sobre o consumo interno.
  • Grandes empresas, como General Motors e Volkswagen, já enfrentam perdas significativas devido a essas tarifas, o que contribui para pressões inflacionárias.
  • Especialistas alertam que famílias de classe média podem perder até US$ 22 mil em renda ao longo da vida devido às tarifas e à redução no PIB.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Donald Trump
Donald Trump Daniel Torok/Official White House Photo - 9.7.2025

A ordem executiva assinada na quarta-feira (30) pelo presidente norte-americano, Donald Trump, oficializou a tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros. A medida combina os atuais 10% com uma sobretaxa adicional de 40%, baseando-se na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional.

Apesar do impacto amplo, 694 produtos tiveram isenção, representando cerca de 43% das exportações brasileiras para os EUA em 2024. Isentos estão suco de laranja, aeronaves civis, derivados de petróleo, minérios, madeira e fertilizantes.


Entretanto, itens de expressão comercial como café, carne bovina e cacau não foram incluídos nas exceções e sofrerão a tarifa máxima.

Na prática, porém, a medida tem funcionado como um imposto indireto sobre os americanos, já que quem paga a conta são empresas e consumidores do próprio país. Apesar do discurso de que a taxação afeta concorrentes estrangeiros, parte do impacto financeiro vai ficar dentro da economia norte-americana.


A arrecadação com as novas tarifas já ultrapassou 108 bilhões de dólares em 2025, segundo dados do Departamento do Tesouro. É um valor recorde, impulsionado por sobretaxas que chegam a 50% sobre produtos do Brasil, China, Índia, México e Canadá. E Trump afirmou que espera uma arrecadação de 200 bilhões de dólares em agosto.

Bom para a indústria?

A medida é parte central da estratégia de Trump para reforçar a indústria nacional e aumentar a receita do governo sem elevar impostos internos. Mas o efeito prático pode ser outro.


Grandes empresas já começaram a registrar os efeitos. A General Motors estimou um impacto de US$ 1,1 bilhão apenas no segundo trimestre por causa das tarifas.

A Volkswagen, que também tem operações nos EUA, reportou perdas de US$ 1,5 bilhão no mesmo período.


Os aumentos de custo se espalham para outros setores — de eletroeletrônicos a alimentos processados — e pressões inflacionárias começam a aparecer. A inflação acumulada em 12 meses subiu para 2,7% em junho, ante 2,1% no início do ano.

Segundom o Penn Wharton Budget Model (modelo de análise fiscal da Wharton School da Universidade da Pensilvânia), se as tarifas anunciadas em abril forem mantidas, famílias de classe média podem perder até aproximadamente US$ 22 mil em renda ao longo da vida, devido à redução no PIB e em salários.

Isso ocorre porque produtos mais afetados — como roupas, alimentos e bens duráveis — ocupam proporção maior no orçamento das famílias mais pobres, o que torna o efeito mais regressivo.

Medidas protecionistas

A dois dias do início da cobrança de tarifa de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos, especialistas indicam que medidas protecionistas vêm se intensificando desde a pandemia de Covid-19, em 2020.

O professor de Relações Internacionais da ESPM, José Luiz Pimenta, afirma que o cenário atual representa uma escalada do protecionismo, com aproximadamente 2.500 ações comerciais e industriais em vigor ao redor do mundo.

“Cerca da metade dessas medidas está concentrada nos Estados Unidos, União Europeia e China. Essa tendência se consolidou há anos e visa, de forma clara, defender a indústria doméstica em diversas economias”, afirma.

Apesar disso, Pimenta ressalta a importância de manter o comércio exterior como ferramenta estratégica para ganhos logísticos, operacionais e de consumo no médio e longo prazos.

“É necessário lidar com o avanço protecionista por meio de uma política comercial sólida e pragmática — com busca por novos mercados e preservação dos que já apresentam maturidade”, pontua.

Atualmente, os Estados Unidos absorvem cerca de 12% das exportações brasileiras.

Para o professor, o Brasil precisa negociar, em curto e médio prazos, a redução das tarifas com o governo americano e, simultaneamente, redirecionar parte de sua produção para países com maior potencial de compra.

“Este é o momento de dialogar com os norte-americanos, sem comprometer a competitividade, e também ampliar a base de parceiros comerciais mundo afora.”

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