Cientistas acreditam que o megaterremoto que pode ocorrer nos próximos 50 anos em Oregon, na costa oeste dos Estados Unidos, causaria um colapso e custaria US 30 bilhões (cerca de R$ 174 bilhões) em perdas. Oregon fica na chamada Zona de Subducção de Cascadia, uma falha tectônica de aproximadamente 1.100 km que se estende do norte da Califórnia até a Colúmbia Britânica, no Canadá.Em 26 de janeiro de 1700, a região foi devastada por um enorme terremoto de magnitude estimada em 9. O tremor foi tão forte que chegou a provocar um tsunami que atravessou o Pacífico e atingiu o Japão. Agora, cientistas afirmam que há 37% de chance de que um abalo semelhante ocorra por lá até 2075.“Esperamos US$ 30 bilhões em perdas. [Um terremoto como esse] pode destruir pontes, estações de combate ao fogo, hospitais, aeroportos, estradas”, disse Valerie Sahakian, pesquisadora da Universidade de Oregon, nos EUA, em uma entrevista recente à emissora norte-americana KPTV. De acordo com cientistas, grandes terremotos acontecem na zona de Cascadia em intervalos de 300 a 500 anos. Como a falha não produz um terremoto desde 1700, a pressão entre as placas tectônicas continua se acumulando, aumentando o risco de um evento devastador.“Pode ser que demore mais algumas centenas de anos, mas também pode ser amanhã”, disse Valerie, que é especialista em risco sísmico. Os pesquisadores analisam diferentes evidências para entender melhor a atividade da falha. Além dos registros históricos e geológicos, como as chamadas florestas fantasmas -- troncos de árvores submersos após a descida do solo costeiro --, também há relatos de povos indígenas sobre um tsunami ocorrido no passado.Esses relatos, combinados com registros históricos do Japão, ajudaram os cientistas a determinar com precisão a data do último grande terremoto.Outra descoberta importante foi feita em 2015, quando cientistas da Universidade de Washington identificaram um fenômeno incomum no fundo do mar, próximo à costa do Oregon: um vazamento de fluido quente, chamado de Oásis de Pítia.Esse fluido, que se origina de profundidades de até 4 km, desempenha um papel crucial na lubrificação entre as placas tectônicas. Quando a quantidade do líquido diminui, a pressão entre as placas aumenta, o que favorece o surgimento de um terremoto.A Zona de Subducção de Cascadia é formada pelo encontro entre a Placa Juan de Fuca e a Placa Norte-Americana. A primeira, uma pequena placa oceânica, está gradualmente se deslocando para baixo da segunda, um processo conhecido como subducção. Esse movimento gera um acúmulo de energia ao longo do tempo que, quando liberado, pode causar terremotos de grande magnitude.“Se a pressão do fluido for alta, as placas deslizam suavemente. Se a pressão cair, elas travam, acumulam estresse e podem liberar essa energia em um grande terremoto”, disse Evan Solomon, professor de oceanografia e coautor de um estudo sobre o vazamento, publicado em 2023.Caso um terremoto de grande magnitude ocorra, espera-se que o tremor dure entre cinco e sete minutos nas áreas próximas à falha, de acordo com o Departamento de Gestão de Emergências de Oregon.Além disso, um tsunami com ondas de até 30 metros pode atingir a costa da região em questão de minutos. O impacto poderia ser devastador para a infraestrutura local, comprometendo estradas, pontes, edifícios e sistemas de fornecimento de energia e água.Diante desse cenário, especialistas alertam para a necessidade de reforçar edificações e melhorar os sistemas de alerta precoce. “Não podemos prever terremotos, mas podemos nos preparar para eles”, disse Valerie.Diferentemente de locais como o Japão e a Califórnia, que possuem redes avançadas de monitoramento sísmico, a Zona de Subducção de Cascadia apresenta desafios devido à sua localização no oceano profundo.A instalação de sismógrafos no fundo do mar tem sido uma estratégia adotada para melhorar a detecção de atividades sísmicas. “Esses instrumentos sentem as ondas primárias [que não causam muito tremor] e, em frações de segundo, descobrem o quão grande o terremoto é e onde ele está”, disse a pesquisadora.Autoridades locais têm enfatizado a importância da preparação para possíveis terremotos e tsunamis. No último mês, a governadora do Oregon, Tina Kotek, proclamou fevereiro como o mês de conscientização sobre tsunamis e terremotos, incentivando medidas de preparação para a população.“É um perigo real, mas é possível sobreviver se tivermos planejamento e infraestrutura adequados”, disse a geóloga Laura Gabel, do Departamento de Geologia e Indústrias Minerais do Oregon, ao canal de TV norte-americano KOIN 6 News.Especialistas recomendam a elaboração de planos de evacuação, a construção de estoques de suprimentos essenciais e o treinamento da população para saber como agir durante um tremor.Algumas cidades costeiras no oeste dos EUA já implementaram sistemas de rotas de fuga e alertas de tsunami para minimizar os danos em caso de um evento sísmico. “O que o Departamento de Gestão de Emergências do Oregon sugere é que você se certifique de ter suprimentos suficientes e um plano em vigor para ser autossuficiente por duas semanas se algo assim acontecer”, disse Valerie.