Terremoto no Marrocos: chances de encontrar sobreviventes são cada vez menores
Equipes de resgate marroquinas trabalham há mais de 72 horas, mas áreas isoladas do país ainda aguardam ajuda
Internacional|Do R7
As operações de resgate prosseguem nesta terça-feira (12) no Marrocos, mais de 72 horas após o terremoto devastador que deixou quase 2.900 mortos, mas as esperanças de encontrar mais sobreviventes são cada vez menores.
O epicentro do terremoto, que provocou 2.862 mortes e deixou 2.562 feridos, segundo o balanço atualizado divulgado nesta segunda-feira (11) à noite, foi em uma zona montanhosa da cordilheira do Atlas, onde os deslizamentos de terra dificultam ainda mais o acesso às localidades afetadas.
O terremoto de sexta-feira (8) à noite atingiu magnitude 7, de acordo com o Centro Marroquino para a Pesquisa Científica e Técnica, e magnitude 6,8, segundo o Centro Geológico dos Estados Unidos.
Esse foi o terremoto mais forte já registrado no Marrocos e o que provocou o maior número de vítimas em mais de seis décadas.
A Cruz Vermelha solicitou mais de US$ 100 milhões, cerca de R$ 493 milhões, para atender às necessidades urgentes, que incluem saúde, água, saneamento e higiene.
As equipes de resgate marroquinas, apoiadas por unidades estrangeiras, tentam acelerar a busca por sobreviventes e encontrar abrigo para centenas de famílias que perderam suas casas.
Em algumas áreas isoladas, no entanto, os moradores afirmam que não receberam nenhum tipo de ajuda.
"Nós nos sentimos completamente abandonados, ninguém veio nos ajudar. Nossas casas desabaram e não temos para onde ir. Onde todas essas pessoas vão morar?", lamenta Khadija, residente da cidade de difícil acesso Imoulas.
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"O Estado não veio, não vimos ninguém. Depois do terremoto, vieram contar o número de vítimas. Desde então, não restou ninguém. Nem proteção civil, nem as forças de emergência. Ninguém está aqui conosco", reclama Mouhamed Aitlkyd em meio aos escombros.
Correspondentes da AFP observaram helicópteros, que entregaram alimentos em alguns pequenos vilarejos isolados.
O Exército marroquino instalou hospitais de campanha para atender os feridos nas zonas isoladas, como o vilarejo de Asni, na província de Al-Haouz, a pouco mais de uma hora de viagem de Marrakech. Mais de 300 pacientes foram atendidos, afirmou à AFP o coronel Youssef Qamouss.
O governo do Marrocos aceitou a oferta de quatro países para o envio de equipes de busca e resgate: Espanha, Reino Unido, Catar e Emirados Árabes Unidos.
"A grande dificuldade está nas áreas remotas e de difícil acesso, como aqui, mas os feridos são transportados de helicóptero", declarou a comandante da equipe espanhola de bombeiros, Annika Coll.
Ao comentar a possibilidade de encontrar sobreviventes, ela disse: "Na Turquia [afetada por terremoto violento em fevereiro], conseguimos encontrar uma mulher viva após seis dias e meio. Sempre há esperança". "Também é importante encontrar os corpos, porque as famílias precisam saber [do óbito] e cumprir o luto", acrescentou.