Tiroteios frequentes nos EUA fazem torniquete virar conteúdo escolar
Medo de tiroteios em escolas fez dezenas de alunos em Ohio aprenderem a conter hemorragias como as causadas por tiros, com uso de torniquetes
Internacional|Fábio Fleury, do R7
Apenas em 2018, os Estados Unidos registraram pelo menos 30 episódios diferentes de tiroteios em escolas. O mais grave, no dia 14 de fevereiro, deixou 17 mortos e 17 feridos na escola Marjorie Stoneman Douglas, em Parkland, na Flórida.
A situação reacendeu o debate sobre o controle de armas, deu origem a ideias como armar os professores em sala de aula e, no caso de uma escola de ensino médio em Ohio, criou um novo conteúdo escolar: os alunos estão aprendendo a fazer torniquetes.
Treinamento nas escolas
Em Columbus, capital de Ohio, um grupo de alunos da escola Cristo Rey fez aulas mais avançadas que as normais de primeiros socorros, para aprender como fazer para estancar hemorragias. Como as causadas por ferimentos a bala, que podem matar em minutos.
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Segundo a imprensa local, a equipe que fez o treinamento já deu aulas parecidas em dezenas de escolas da região metropolitana de Columbus, capital de Ohio. E os alunos parecem acostumados com essa realidade.
"A essa altura, os tiroteios são tão comuns como mudanças no tempo", disse o estudante Tyler Reed, 14, em entrevista ao jornal Columbus Dispatch. "É triste e não está acontecendo só dentro das escolas".
Parando o sangramento
O treinamento faz parte de um programa chamado "Stop the Bleed" ("Pare o Sangramento", em tradução livre) e ensina os alunos a fazer torniquetes acima do local ferido, aplicar pressão para diminuir o sangramento e usar gazes para fechar os ferimentos.
A enfermeira Stacey Wickham, responsável pelo programa, aproveitou a ocasião para falar sobre mitos a respeito de torniquetes: explicou que ninguém perde um membro se o torniquete estiver apertado demais, nem se ele não for necessário para o ferimento, e que o curativo não deve ser solto após a aplicação.
Outro ponto importante é que estancar sangramentos tanto com gaze quanto com torniquete causa dor nas pessoas, especialmente se forem feitos corretamente.
"Se a pessoa estiver acordada, você precisa dizer que aquilo dói, mas vai salvar a vida dela", afirmou Wickham. Ela afirma ter dado aulas para mais de 50 turmas diferentes na região central de Ohio, além de treinar as enfermeiras das escolas.
Alunos mais preparados
A cada treinamento, as escolas recebem kits para torniquetes, que são instalados junto com outros kits de primeiros socorros e desfibriladores automáticos.
Os alunos, que em situações de emergência são as maiores vítimas, disseram que o treinamento ajuda a transmitir confiança.
"Antes, se eu visse alguém ferido, provavelmente surtaria. Agora, eu sei que posso salvar a vida de alguém", disse a estudante Ava Britford, 14.
Relembre abaixo alguns dos principais tiroteios já registrados nos EUA