Trump e filhos são processados em ação contra esquema de 'pirâmide'
Entre 2005 e 2015, Donald Trump e os filhos promoveram empresa que realizava um esquema de pirâmide financeira, segundo processo nos EUA
Internacional|Fábio Fleury, do R7
O presidente dos EUA, Donald Trump, seus filhos Donald Trump Jr, Eric Trump e Ivanka Trump, e as Organizações Trump são alvos de um processo por participação em um esquema de "pirâmide financeira", apresentado nesta segunda-feira (29) à Justiça Federal norte-americana em Nova York.
De acordo com a ação, de 2005 a 2016, Trump promoveu uma empresa de marketing multinível que vendia telefones que faziam videochamadas, recebendo milhões de dólares sem revelar ao público e sabendo que uma pessoa comum não teria condições de ganhar dinheiro.
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Presença na mídia
O esquema começou a funcionar depois que o programa "O Aprendiz" transformou Trump em uma celebridade da televisão norte-americana. A empresa chegou a ser anunciada em duas edições do reality show.
"Os Trumps enganaram essas vítimas para tirar delas milhares de dólares, e esses prejuízos causaram mudanças desastrosas nas vidas dessas pessoas", escreveram os advogados.
Segundo a ação, a empresa ACN usava a imagem de Trump como homem de negócios bem-sucedido para promover o esquema, se aproveitando da situação de pessoas "economicamente vulneráveis".
Vítimas vulneráveis
As quatro pessoas que entraram com o processo, dois homens e duas mulheres de diferentes estados norte-americanos que não foram identificados, descreveram como foram apresentados ao esquema e ludibriados.
Todos estavam insatisfeitos com suas rendas e foram convidados para uma reunião de apresentação da ACN. Todos descreveram como inicialmente não se sentiram confiantes em participar, mas depois que vídeos mostrando o endosso de Trump à empresa, mudaram de ideia.
Cada um pagou uma taxa de US$ 499 (cerca de R$ 1860) para entrar como "proprietário individual". Eles ainda pagaram centenas e, em alguns casos, milhares de dólares, para participar de palestras e eventos motivacionais da ACN.
Segundo os advogados, eles insistiram durante meses no esquema e não recebiam nem 50 dólares por mês como compensação.
Participação em propagandas
Além de colocar a empresa em seu programa, Trump sempre aparecia nas propagandas e, algumas vezes, pessoalmente em convenções, falando sobre como o modelo de negócios era "livre de riscos" e como a ACN era líder de mercado.
Segundo a acusação, ele tinha consciência de que o modelo não funcionava e não deixava claro que estava sendo pago pelos elogios.
No caso dos telefones, a empresa vendia modelos caros e que se comunicavam apenas com aparelhos da mesma marca. Para isso, chegaram a comprar uma fábrica, que faliu antes de dar conta da primeira encomenda de 300 mil unidades.
Além dos aparelhos, a ACN fazia os vendedores comprarem DVDs de 'treinamento', que tinham novas edições de poucos em poucos meses. Cada disco tinha novos vídeos de Trump promovendo a empresa.