Trump sofre impeachment por abuso de poder e obstrução
Câmara dos Representantes votou favoravelmente ao impedimento do presidente dos EUA; agora, Senado decide se ele será afastado do cargo
Internacional|Do R7
Donald Trump tornou-se o terceiro presidente na história dos EUA a sofrer um impeachment. O impedimento foi confirmado pela Câmara dos Representantes na noite desta quarta-feira (18).
A votação confirma que Trump é considerado, pela Câmara de Representantes, culpado de abuso de poder, por ter pedido ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyi, que o país investigasse negócios do filho do ex-presidente Joe Biden. Biden é um dos principais rivais de Trump na corrida presidencial de 2020 e a investigação teria como objetivo prejudicá-lo nas eleições.
Trump também condicionou a liberação de ajuda financeira e militar aos ucranianos, em guerra contra a Rússia, à reabertura das investigações sobre Biden.
A votação também confirmou que o presidente cometeu obstrução de Justiça, por impedir que membros de seu governo dessem depoimentos ou entregassem documentos ao Congresso durante o processo de investigação do impeachment.
Porém, seguindo o rito constitucional dos EUA, o presidente só é afastado após o julgamento do impeachment, que ocorre no Senado. A maioria dos senadores é republicana, o que deve impedir que Trump seja de fato retirado da Casa Branca — exatamente como aconteceu com seus colegas de impeachment na história, Andrew Johnson e Bill Clinton.
Impeachment no Senado
Os senadores definirão nos próximos dias o rito do julgamento, que terá uma banca de acusação e outra de defesa, formada tanto por congressistas como advogados.
Nesta fase, poderão ser ouvidas novas testemunhas, inclusive o próprio presidente e seus ministros de mais alta patente, como Mike Pompeo, além de Rudolph Giuliani, advogado pessoal de Trump. Giuliani é peça-chave na acusação, visto que foi indicado por várias testemunhas como a pessoa que negociava a liberação ou não da ajuda à Ucrânia.
Porém, o presidente do Comitê Judiciário do Senado dos Estados Unidos, o republicano Lindsey Graham, afimrou que deseja que qualquer julgamento de impeachment de Donald Trump na casa seja rápido e sem novas testemunhas.
Debate longo e acirrado
Os votos foram contabilizados após seis horas de debates que deixaram a clara a divisão do país e o acirramento de ânimos entre Democratas e Republicanos.
De um lado, os deputados democratas ressaltaram por diversas vezes que a decisão a favor do impeachment deveria ser tomada para parar um presidente que se considera "acima da lei".
"Se este presidente puder impedir os esforços do Congresso com uma investigação legítima de impeachment, o presidente não estará apenas acima da lei, ele estará além da justiça", disse o deputado pelo Texas, Al Green.
Já os Republicanos atacaram o processo de impeachment como um todo, dizendo que se trata de um processo nada técnico, mas exclusivamente político.
"Esse impeachment se baseia puramente em motivos partidários" afirmou o deputado Ross Spano, dos Republicanos da Flórida. "Isso é incrivelmente divisivo e baixou o nível do que os futuros presidentes enfrentarão."