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Turquia ameaça usar Exército caso manifestantes continuem a ocupar ruas do país

Sindicatos convocaram greve para hoje que deve reunir milhares nas principais ruas do país

Internacional|

Turcos carregam caixão de Ethem Sarisuluk, uma das cinco pessoas mortas durante confrontos
Turcos carregam caixão de Ethem Sarisuluk, uma das cinco pessoas mortas durante confrontos Turcos carregam caixão de Ethem Sarisuluk, uma das cinco pessoas mortas durante confrontos

O governo turco ameaçou nesta segunda-feira (17) recorrer ao Exército para acabar com o movimento de contestação contra o governo que agita o país há mais de duas semanas, enquanto dois importantes sindicatos turcos iniciaram uma greve geral em apoio aos manifestantes.

Um dia após a demonstração de força do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, que reuniu mais de 100 mil partidários, seu vice-primeiro-ministro Bülent Arinç endureceu o tom e ameaçou mobilizar as Forças Armadas para trazer a calma às ruas.

"A polícia usará todos os meios conferidos pela lei", declarou Arinç em uma entrevista ao canal de televisão A Haber.

— Se isso não for o suficiente, as Forças Armadas turcas poderão ser utilizadas nas cidades sob a autoridade dos governos [regionais].

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Entenda por que os turcos estão pedindo a renúncia do premiê

Polícia retira restrição de acesso à praça Taksim

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Guardião autoproclamado da Turquia laica, o Exército turco interviu por muito tempo na política, principalmente nos golpes de Estado. Ao chegar ao poder, Erdogan minou o poder militar ao expurgar e reabrir julgamentos contra sua hierarquia.

Este alerta ocorre no momento em que um coletivo de sindicatos, incluindo as duas maiores federações de trabalhadores e funcionários (DISK e KESK), com cerca de 700 mil membros, convocou uma greve nesta segunda para denunciar a brutalidade das forças de segurança.

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A greve geral foi considerada ilegal pelo ministro turco do Interior, Muammer Güler, que prometeu reprimir as manifestações, depois de um fim de semana marcado por confrontos em várias cidades e que ainda prosseguem de forma esporádica em Istambul.

"Há tentativas de levar pessoas às ruas para ações ilegais, como uma greve", mas as forças de segurança "não vão permitir", afirmou Güler, em declarações à imprensa.

A polícia evacuou sábado à noite o parque Gezi e a Praça Taksim de Istambul, epicentro dos protestos que começaram há mais de duas semanas, em meio a violentos confrontos.

Os confrontos continuaram no domingo, com cerca de 600 detidos em Istambul e Ancara, segundo as associações de advogados dessas duas cidades.

Os sindicatos também convocaram uma concentração a partir de 16h (hora local, 10h em Brasília), para marchar até a Praça Taksim, que foi isolada pela polícia.

"Queremos que a violência policial cesse imediatamente", declarou à AFP o porta-voz do KESK, Baki Cinar.

Premiê recebe apoio maciço de partidários

Erdogan, no poder desde 2002, justificou a ação policial diante dos cerca de 100 mil simpatizantes de seu Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) no domingo à noite em Istambul.

— Eu disse que nós tínhamos chegado ao fim. Tinha ficado insuportável. Ontem, a operação foi realizada e [a Praça Taksim e o Parque Gezi] foram limpos (...) Era meu dever de primeiro-ministro.

"Não deixaremos essa praça com terroristas", insistiu, referindo-se aos movimentos políticos clandestinos envolvidos nas manifestações na Praça Taksim.

Durante mais de duas horas de um discurso acusador, Erdogan criticou a imprensa internacional, acusando-a de ser cúmplice dos "terroristas", o Parlamento Europeu que passa dos "limites" e os "saqueadores" que destroem o país.

A pressão sobre Erdogan tem aumentado por parte de seus vizinhos europeus. Segundo a chanceler alemã Angela Merkel, "a repressão das manifestações contra o governo turco é muito dura".

"Imagens terríveis nas quais víamos uma reação de forma muito dura, segundo o meu ponto de vista", disse Merkel, que pediu mais uma vez à Turquia que respeite a liberdade de expressão em uma entrevista que o canal RTL exibirá nesta segunda-feira.

Entenda a revolta

No início da onda de contestação, em 31 de maio, a polícia agiu com violência para dispersar militantes ambientalistas que protestavam contra a destruição anunciada do Parque Gezi e de suas 600 árvores, que dariam lugar a um museu e um centro comercial.

A ira provocada por essa operação suscitou a maior revolta contra o governo islâmico conservador desde a sua chegada ao poder, em 2002.

Nas maiores cidades do país, dezenas de milhares de manifestantes exigem a renúncia de Erdogan, acusado de autoritarismo e de querer "islamizar" a sociedade turca. Parte da juventude turca critica, principalmente, os projetos de leis sobre as limitações ao direito ao aborto e a utilização de pílulas do dia seguinte, assim como a proibição da venda de álcool após as 22h.

De acordo com o último registro do sindicato dos médicos turcos, cinco pessoas morreram e cerca de 7.500 ficaram feridas desde o início da contestação, em 31 de maio.

Os sindicatos DISK e KESK já haviam convocado dois dias de greve há duas semanas para apoiar os manifestantes que levaram centenas de milhares de pessoas para as ruas.

Mas Erdogan, de 59 anos, continua a contar com uma forte base de apoio. O AKP venceu as últimas três eleições, com quase metade dos votos em 2011, e o país registrou nos últimos anos um forte crescimento econômico.

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