Turquia mantém fronteira aberta para que refugiados cheguem à UE
Erdogan disse que fronteira vai ficar aberta até que país seja aceito no bloco econômico, mas criticou violência e medidas tomadas pela Grécia
Internacional|Da EFE
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, declarou nesta quarta-feira (11) que o país mantém as fronteiras com a União Europeia (UE) abertas para permitir que muitos dos refugiados em território turco atravessem para a União Europeia.
"Decidimos não deter aqueles que querem ir para a Europa. Nós os alimentamos e vestimos durante nove anos. Agora, eles querem ir para a Europa, e nós não vamos impedi-los. A UE pensou que eu estava brincando. Agora estão vendo", disse Erdogan em pronunciamento transmitido pela CNNTürk.
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Turquia e UE acordaram na segunda-feira (9), em Bruxelas, um processo de consultas para esclarecer como está sendo implementado o acordo sobre migração, no qual Ancara se comprometeu a manter os solicitantes de asilo em seu território em troca de 6 bilhões de euros da UE.
Erdogan explicou que a fronteira turca permanecerá aberta até que Bruxelas decida abrir novos capítulos nas negociações para a adesão da Turquia à UE.
"Manteremos as condições atuais nas nossas fronteiras até que sejam abertos novos capítulos (da adesão à UE), como a liberdade de circulação, tratados aduaneiros e assistência financeira", analisou.
Críticas aos gregos
Por outro lado, o presidente turco criticou o tratamento da polícia da Grécia, que recentemente usou gás lacrimogêneo para repelir qualquer tentativa de entrada de imigrantes no país, e até o comparou ao regime nazista de Adolf Hitler.
"É uma barbárie abrir fogo contra pessoas inocentes sem razão aparente. Elas são submetidas a todo tipo de tratamento desumano, desde gás lacrimogêneo até água fervente. Não há diferença entre as imagens da fronteira grega e o que os nazistas fizeram", ressaltou.
O governo turco anunciou ontem que pretende atualizar o acordo sobre refugiados celebrado com a UE há quatro anos para adaptá-lo à situação atual, marcada pelo conflito na Síria e pelos mais de três milhões de refugiados do país árabe que a Turquia recebe.
Os contatos entre Ancara e Bruxelas se intensificaram nos últimos dez dias, quando Erdogan anunciou a abertura das fronteiras da UE depois de ter se queixado da falta de apoio da Europa à presença militar turca na região de Idlib, na Síria, e à gestão da crise migratória.